Revista da Academia Paraense de Letras 1962

A REBELIÃO PRAIEIRA . EM NAZARE Acadêmico .RAUL BRAGA A movimentação política no segundo império confi– gurava-se no estabelecimento diretivo dos partidos Liberal ou Conservador, vêzes em posse dominante, outras em ostra– cismo, a começar pelos 1Gabinetes na Côrte, Presidentes nas províncias, Chefes de Polícia nas capitais, Delegados nos dis– tritos e têrmos e Inspetores de quarteirão nos lugarejos. ~sse panorama político bem o esboça Rocha Pombo : "os que tinham o poder tratavam de auferir-lhe todos os proventos e reduzir os elementos de· ação dos adversários, perseguindo-os sem tréguas. Os que curtiam o ostracismo cuidavam de resistir e combater, até a vez de ressarcir dos sacrifícios" . · Era urna teimosa luta incessante, crivada de assas– sínios e depredações recíprocas a varar até a honra patriar– cal dos contendores. Daí, as escaramuças, os combates, o sangue e morticínio de que a rebelião praieira foi expoente máximo nos episódios mais terrificantes e danosos. O partido Liberal instalado com o Gabinete de 2 de fevereiro de 1844 vinha demorando no poderio em cinco anos a fio, quando por meiados de 1848 seu prestígio começou de obumbrar, motivado pelo radicalismo arraigado de seus ideais insuportados pelo partido adverso. Sentia-se próxima a instaJação de novo gabinete de caráter, pelo menos conciliativo, sob enc~rgo do partido Con– servador. Dêsse emergente estado de coisas fizeram-se precisos os últimos esforços liberais. frente aos Presidentes pernam– bucanos : Souza Teixeira, Pires da Mota, Malaquias de Aguiar, Costa Pinto, todos investidos e desr.esvestidos de funções no curto espaço de mêses que foi de abril a outubro de 1848 por mal compreendidos e mal vistos pelas hostes liberais,

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