Revista da Academia Paraense de Letras 1962
• · • a • .. REVISTA DA ACADEMIA PARAEN SE DE LETRAS - "esquizoide", "tímido" e ambivalente. O sonho a nosso vêr, justifica no seu "esquizoidismo", a realizaçoã dêsses fatos esca– brosos de verdadeiro "sado-masoquismo", que em absoluto, não estão de acôrdo com a sua personalidade psiquica, que êle- apre– sentava na sociedade, que na minha opinião, é a sua falsa perso– nalidade; porque a verdadeira, a do seu "Eu", é que êle repre– senta nos sonhos das suas personagens. Mesmo na sua auto-bio– grafia, representada nas personagens de seus romances: - "A mão e a luva", "Helena", "Yayá Garcia" e "Casa Velha", e do seu conto-"Habilidoso" - para vivêr a vida de um desajustado ou um psicopata, o autor de "Casa Velha", lança mão do sonho, para ilu– dir a sua válvula censôra "Super-Égo", justificando dessa maneira, que êle seria incapaz de escrever contos da natureza de: - "A chinela Turca". "O Capitão Mendonça", "Decadência de dois grandes homens" e "A Vida Eterna". O sonho Machadeano para mim, psicanalíticamente, nada mais representa do que, uma "válvula de escape", do seu tempe– ramento "sado-mazoquista". O que êle nos revela nos sonhos das personagens dêsses contos, não estão de acôrdo com a sua aparência social, a vida que êle levava como cidadão; mas pelo contrário, estão em relação com a sua verdadeira personalidade. E quando o autor de "Fa– lenas", não lança mão do sonho praa vivêr a vida dessas persona– gens Dostoiewkianas, lança mão da loucura, para representá-las ou identificá-las, como em: - "Quincas Borba" e nos contos - "Sem Olhos" e "Um Esqueleto". É êsse meus amigos, o homem que eu tentei analisar os sonhos das personagens, na sua obra literária; mostrando à luz da Psicanalise que a sua verdadeira personalidade, é bem dif eren– te do "Machadinho", da Secretaría de Agricultura, da Academia Brasileira de Letras e da Livraria Garnier. E que as suas personagens "comparam-se a êsses bonecos dos ventríloquos "tipo marionetes", que se movimentam e falam interpretando as idéias do "Ventríloquo". Finalizando peço-lhes desculpa se os fiz dormir e sonhar, com a importunância desta conferência; mas isto vem justificar 0 que disse o velho Machado de Assis. - "que o melhor do espe– táculo não está no palco, mas nos próprios espectadores". . . O qual modificarei dizendo-lhes que o melhor da conferência, não está no conferencista e sim na seleta assistência. - 103 -
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