Revista da Academia Paraense de Letras 1962
ti - • 1 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS -Que é? - Acorde ! quem tem sôno dorme em casa, não vem ao tea- tro. Era o empregado, dizendo-lhe que ia fechar a porta. O conto: - "Decadência de dois grandes homens", tam– bém, todo o conto é um sonho que Miranda, doutor em meàicina, teve em casa do sr. Jaime; baseado na teoria da "metempsicose". Depois que o Dr. Miranda, fumou um charuto que lhe foi oferecido pelo dono da casa, sonhou: - "que o gato de Jaime, chamado "Julio Cezar", atirava-se contra um rato. - "Vi, - que horror", vi o corpo do nobre Bruto (nêsse caso o rato) passar tôdo ao estômago do divino Cezar; vi isto, e não lhe pude valer, porque eu tinha a presunção de que as armas da terra nada po– diam contra aquela lei do destino". O gato não sobreviveu à vingança. Apenas comeu o rato, caiu trêmulo, miou minutos e faleceu. Nada mais restara daqueles dois homens de Plutarco. A vida Eterna (contos avulsos - R. Magalhães Junior' É o sonho de Camilo da Anunciação; que Tobias professor de matemática, dá-lhe em casamento sua filha Eusebia, "senhora de uma riqueza igual à de um Creso", porque era a sua única herdeira. Mas, no entanto, faz-lhe conhecedor do - "Elixir da e.ternidade'' - encontrado numa ruína do Egito, no ano de 402. Em nome da Aguia preta e dos sete meninos do Setentrião, salve. Quando se juntarem vinte pessôas e quizerem gozar do inapre– ciável privilégio de uma vida eterna, devem organizar uma asso– ciação secreta, e cear todos os ,anos no dia de São Bartolomeu, um velho maior de sessenta anos de idade, assado no. fôrno, e be– ber vinho puro por cima". A vítima nêsse ano foi escolhida: o filósofo Camilo da Anun– ciação, que daria sua vida, para eternizar a dos vinte setuagená– rios da secreta ceita chefiada pelo matemático Tobias. É a velha lenda, meus senhores, que se passa a reproduzir hereditariamente, desde que o mundo foi criado; o sacrifício de um, pela felicidade de muitos. É o velho "Totemismo", de que nos fala o mestre vienense Sigmund Freud, em seu admiravel livro: - "Totem e Tabu" - Deus imolou. seu próprio filho, dando-lhe o seu sangue · em bene– fício da humanidade. Camilo da Anunciação, foi o "Totem" es– colhido pelo "Clan", do professor Tobias, para servir de seu pro– tetor e benfeitor. É êsse "Totemismo", que ainda existe, entre os povos selvagens da Austrália e entre outras tribus, e, que ainda existe entre os pov:os civilizados, naturalmente de uma maneira mais humana, de acôrdo com o nosso século e o nosso desenvol– vimento intelectual e moral. lOi
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