Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA p ARAENSE DE LETRAS mente de espantar; de que o próprio Machado, admirou-se, como que sua "consciência se poude dividir em duas", e que realmente é caso para ser estudado pelos psicanalistas e psicologos. O psicanalista alemão Stekel, em seu livro: - A linguagem dos sonhos - diz-nos "que sonhar com animais como cavalo, lôbo e o tigre, constitue delírio de grandezas e autodomínio. Porque o cavalo é símbolo de virilidade ou de atividade". As paixões também são representadas no sonho por animais selvagens, cava- los ou criminosos. · Ernst Aeppli, em sua: - "A linguagem dos sonhos" - ensina-nos ·que: "Em tôdas as épocas se tem o cavalo po-r uma das mais nobres criaturas do mundo animal. Sua inteligência, sua rapidez, sua graciosa e distinguida atitude, quase pessoal, tem feito sempre uma bôa impressão no homem". . . O cavalo, como nos mitos e nos contos, podem também falar nos sonhos. O pró– prio Machado de Assis, tem o apologo de um casal de burros. Nêsse sonho não haverá uma influência de seu carater ambiva– lente, no desdobramento de uma dupla personalidade; uma na realidade de sua vida social e outra na vida de suas personagens ? tsse sonho psicanalíticamente a meu ver é um espelho de suas ambições, não só de uma vida literária, como também o egoJsmo de não envelhecer, de ficar sempre "balzaqueano". O Capitão Mendonça (Contos Recolhidos - R. Magalhães Jr.) isse conto é o sonho do filho do coronel Amaral, que "es– tando um pouco arrufado com a dama dos seus pensamentos", vai assistir ao espetaculo no Teatro de São Pedro. La· se encontra com o capitão Mendonça, companheiro d'armas de seu falecido pai. Mas, como o primeiro ato, não o tivesse agradado, por ser um dêsses dramalhão, que faz o espectador dormir; o Dr. Amaral depois de se ajeitar na cadeira, dorme e sonha. O sonho é uma ceia em casa do capitão Mendonça, com a sua linda filha Augusta, "fórmula da mulher sintética, uma Copélia batizada com àquele nome, que havia sido criada por êle e que _tinha os olhos bonitos", mas que podiam ser retirados, quando o pai quizesse. Dr. Amaral apaixonou-se por Augusta; e o louco capitão Mendonça, propõe ao futuro genro, "fazê-lo um gênio, derramando Éter no seu cérebro, porque havia descoberto que o talento é uma pequena quantidade de Éter encerrado numa cavidade do cérebro; o gêni.o é o mesmo Éter em porção centu– plicada". Quando se dispuzeram a fazer a operação no Labora– tório e que o Amaral, começou a "sentir uma dôr agudíssima, no alto do crânio; corpo extranho penetrou até o interior do cérehro" ouviu uma voz: - olá, acorde!! ' - 100 - e

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