Revista da Academia Paraense de Letras 1961

DATURA STRAMONIUM Acadêmico RAUL BRAGA Rainha das solanáceas, assim indicada pelo arbustivo por– te elegante de meio metro de altura, a Datura Stramonium, é um dos tóxicos mais terríveis dos tóxicos. Não foi sem adequado motivo que lhe apelidaram de ":ri– {;ueira do Inferno", legítima irmã da maricáua (Datura in– signis) e da liamba (Cannabís sativa) , componentes da tría– de maldita que. da hipnose em deleite enganoso, · encaminha para a alucinação, delírio furioso , envenenamento e morte. O paciente em sua atuação tremenda entra em delirio acordado, pupilas desmensuradamente atropinadas em ansia de quem deseja vislumbrar um mundo distante, incognoscível na ilimitada assombracão de endoidecido. . E' uma planta, cufa seiva se compõe de um alcaloide - venenoso acre - dos mais violentos como provocante de res– friamento, torpor, colapso e extermínio. Incita disfagias e sêde hidrofobica pela. ação de seu elemento predominante - a daturina - mistura de atropina e hiosciamina, descoberta por Brandes, circulante em tôdas as fibras dessa herva de– leteria. Suas folhas ponteadas em recortes, lembram aquelas, de inocente azevinho silvestte, sendo, todavia, de um fétido nau– ·seante, denunciativo da propriedade mortífera que as con– formam. Desta maneira, é nesta singular qualidade que possue, a comproavnte, às claras, de que não engana pelo odôr, como de certos animais em fogacho. Aquele que esmaga uma folha, um ramo, uma flor da trombeta do diabo, terá nos dedos o nauseabundo pituim exalante como de axilas africanas em suores e cansaços . . · Foi na Ferula Glauca que Prometheu enclausurou o fo- go do ~éu. . . . . . _ . Fede a virulenta assassina, qual meimendro hipnotico, mandragora florada em sinêtas, alóes verde, cipó-sumá roxo, cyphonandra insuportavel, ubirarema indigena, duguetia ca– daverica pôdre, hectandra myriantha - vulgar canela capi- - 89 -

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