Revista da Academia Paraense de Letras 1961

Possível que o sobrenatural diminua o valor da obra poé– tica? Possível que não se possa comunicar a inefabilidade do sobrenatural, quando êsse sobrenatural é a própria natureza do poeta? Possível que Francisco de Assis não seja poeta? Ou talvez é medularmente poeta, justamente porque medu– larmente sobrenatural! E Dante? Medularmente francisca– no . . . Ou Dante não é poeta? Porque teólogo .. . Wilson Martins lamenta: "Infelizmente não esquece, en– quanto poeta, a sua condição sacerdotal . . . " Mas augura ao termino de sua critica ,à nossa "Balada da longa viagem" que continuemos nossa obra que será o seu (nosso) ponto de vista um prolo;ngamerito do seu (nosso) sacerdócio .. . Não, meus senhores, espero não esquecer nunca a minha condição sacerdotal. A minha mensagem é diversa. E' a men– sagem de Cristo. E' a mensagem de Deus. O prolongamento do meu sacerdócio é o único ideal que aspiro na minha Poe: sia, que em mim é natureza, como natureza é o meu sacer– dócio. E poeta é aquele que vê além dos atos, o ideal. Franciscanamente poeta, me contento de ser um hu– milde "trovador de Deus'', um pobre "jornal de Deus", para ir cantando mundo em fora, como o Poverello, "Altíssimo, onnipotente, bon Signore, "Tue se le Jaude, la gloria, el honore et onne benedictione. "Ad te solo, Altíssimo, se konfano "Et nullo homo ene dignu te mentouare, "Laudato si, Missignore, eum tacte le tue creature, "Snetialmente messor la frate· sole. "Le quale iorno et allumini nui per loi "Et ellu e bellu e radiante cum grande splendore "Da te, Altíssimo, porta significatione". Altíssimo, Onipotente, Bom Senhor, são teus os louvo– res, a glória ,a honra e tôdas as bençãos, Divino Estéta. Eter~ no Poeta. - 88 - .,..,-: ..

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0