Revista da Academia Paraense de Letras 1961

tiosa crise · de recuperação democrática, no guinhol sul ame– ricano dos Gomes, dos Vila, dos Penaranda, dos Truj"illo, dos Gomensoro. Sàmente os homens, sem imaginação, pensam P.Il1 ditadura. A noite de cemitério das franquias constitu– cionais, se tem fantasmas e terrores, não tem estrêlas". E concluía graciosamente: "Udenistas, pessedistas, pe– tebistas, republicanos, franco-atiradores , como Luiz Viana, todos nesse campo fazem uma só política: a melhor de tôdas elas. pois é a política da inteligência e do espírito". E' , por isso, que eu creio na Poesia Eterna e na Poesia Pura, porque é Livre, livre no Tempo e no Espaço. E em nome dessa Liberdade eterna e pura, afirma-se a Poesia em toda a sua Beleza, vestida das vestes leves que o século XX lhe trouxe e não se desdenha: a Beleza da Poe– sia que se apresenta com as vestes pomposas dos séculos an– teriores. O que vale é ela e não a roupa que ela usa. E tão amante sou dessa Liberdade que me permito um apelo aos modernos que a souberam conquistar, libertando a Poesia dos liames do metro e da rima. Deixem-me escre– ver meus poemas como eu achar melhor. Deixem-me revol– ver o meu baú, em que guardo as roupas da minha Poesia, para vestí-la de acôrdo com a solenidade. Pode não ser da moda. Pode ser pobre. Mas é limpa, asseiada e compõe bem. E porque Eterna, e porque Pura, e porque Livre, a Poesia deve trazer uma mensagem. Otto Maria Carpeaux, prefaciando Manuel Bandeira em ''Apresentação da Poesia Brasileira", define: "Poesia - a arte verbal de comunicar experiências inefáveis". Gonçalves Dias assim comunicava sua experiência no prólogo de "Primeiros Cantos": "Casar o pensamento com o sentimento, a idéia com a paixão, colorir tudo isto com a imaginação, fundir tudo isto com o sentimento da religião e da divindidade, eis a Poesia - a Poesia grande e santa _ a Poesia como eu a compreendo, sem a poder definir, como eu a sinto, sem a poder traduzir". Paradoxal, pois não? Comunicar o inefável. . . . Pois é essa tentativa da comunicação da inefabilidade que faz 0 poeta. Por isso que Poesia tem uma definição para cada poeta . A experiência inefável que , paradoxalmente, se tenta comunicar, eis a diferença específica que vai marcar cada definicão. Eu acredito que o criminoso possa ser poeta. Poeta pode ser o ladrão, como o assassino; o ébrio como o sensual. Co– municarão a inefabilidade ·de suas experiências - tristes ex– periências - mandarão suas mensagens - tristes mensa– gens - como os alegres e os misantropos; os nostálgicos e os felizes; os amados e os desprezados, os que entendem a na- - 86 - • ..

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