Revista da Academia Paraense de Letras 1961

r- t ,. f Como podíamos deixar de sonhar, nós , os homens de le– tras, nós , que não esquecemos o poeta, cantando nos seus versos inspirados: "O sonho e a viáa são dois galhos gêmeos: São dois irmãos que um laço amigo aperta. A noite é o laço . .. " Tentamos adquirir a séde própria da Academia. Chega– mos a iniciar negociações, a riscar planos, a dividir com a fita métrica nas mãos, uma das áreas do Palácio do Rádio, onde tencionavamos construir a séde da Academia. Esbarra– mos logo depois, no temor dos que não tiveram a indispen– sável confiança na nossa Fé, na nossa fôrça de vontade, te– mendo um desastre comercial, diante da escassês das nos– ~as possibilidades financeiras, quando tinhamas tudo para vencer naquele momento: decisão e crédito. Perdemos a opor– tunidade, mas não a Fé. Um dia, com.o .apoio incondicional de Georgenor Franco, Bruno de Menezes, Jaques Flores e Rodrigues Pinagé, deli– beramos, resolutamente, instalar a Academia, em casa alu– gada, para viver às suas próprias expensas. Parecia uma loucura essa temerária decisão ; mas, para nós, que sabemos o que quer emos, significava algo maior: era a quebra do prejudicial comodismo, de um monotono e inquietante viver em casa alheia, de favor, de complacência. Vamos agora, que a tempestade passou, e o tempo é bom, recordar um episódio ocorrido naqueles dias, e que há de fi– car para sempre gravado nas nossas recordações da vida aca– dêmica. Quando decidimos alugar o salão da travessa de San– to Antônio, pela quantia mensal de Cr$ 5. 500,00, o acadêmico Miguel Pernambuco Filho, que não acreditava muito no êxito daquela empreitada, perguntou-nos, meio desconfiado: - "O' Ernesto, com que contas para o pagamento da casa?" A nossa resposta foi resoluta: - "Temos em caixa sessenta e seis mil cruzeiros, e esta importância nos dará, exatamente, para um ano de paga– mento do aluguel". - E depois? - indagou meio espantado, prevendo o fra– casso. - Depois? Depois, será o que Deus quizer! E concluímos com aquela Fé inquebrantável que derru– ba montanhas: -Deus sempre ajuda os perseverantes! Alugamos a séde. Compramos móveis. Cada um de nós, era uma formiga a carregar incessantemente a provisão do tMC J

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0