Revista da Academia Paraense de Letras 1961

- OMeu '' Mal Literário '' No dia 6 de dezembro, à noite, o poeta Bruno de Menezes foi alvo de grandes homenagens pelo transcurso dos seus 40 anos de vida literária. A Academia Paraense de Letr.as realizou memorável sessão, tendo discursado os acadêmicos De Campos Ribeiro e Georgenor Fran– co. Agradecendo aquela manifestação dos intelectuais paraenses, Bruno de Menezes proferiu o seguinte discurso: "Senhor Presidente Dignissimas e ilustres autoridades MeUs senhores, minhas senhoras Prezados confrades acadêmicos: Mestre Luís da Câmara Cascudo, ao prefaciar a excelente resenha histórica "Fastígio e Sensibilidade do Amazonas de Ontem", autoria de Genesino Braga, expressiva figura da intelectualidade planiciária, declara que tendo nascido em 1898, começou a "padecer de literatura" em 1918, adquirindo, portanto, essa "enfermid:uie", aos 20 anos de idade . Hoje, o nosso mais erudito professor de Ciência Popular, ao qual chamamos o "Papa do folclore brasileiro" anda pelos 62 anos de vivência terrena, com vigorosa e produtiva saúde cultural, como atesta a sua múltipla safra literária, quer na imprensa como em dezenas de obras editadas, que formam valiosa bibliogr.afia . Eu, de mim, não saberia dizer, em que albores da adolescência fui contaminado do "mal literário", porque, nas primári.as incursões pro– vincianas pelos setores do pensamento escrito, não poderia, conscien– temente, afirmar quando ê~ e "germe do espirito" se apoderou de mi– nhas nascentes inclinações para as letras de fôrma . Acredito que ao dar vida publicitária ao modesto opúsculo "Cru– cifixo", eu estaria na aguda crise da "doenç.a lirica", como acontece com todos aqueles que são oriundos das "três raças tristes", e que não ficam imunes da chamada "poesia d-a. infância", mesmo até à. juventude, conforme registraria a relatividade do meu caso poético. Devo, entretanto, ao tentar pôr em ordem cronológica .as metas que ia alcançando, com ingênuos e inseguros passos, consignar a fre– quência diuturna às tertúlias de Lucilo Fender, Olivio Raiol, Rodri– gues Pinagé, Edua rdo Filho, Guilherme de Miranda, nesses tempos felizes das recitações ao luar, das serenatas notívaga s, dos madrigais versificados, dos acrósticos apaixonados às bem amadas . Flocosa gravata borboleta de côr violácea, portando um livro de poesia aconselha~o para a _aprendizagem dos segrêdos da metrificação, com os acentos tomcos ex1g1dos pelas regras em uso, as rigorosas ce- - 75

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