Revista da Academia Paraense de Letras 1961
Um homem desses, um poeta que produziu versos e produziu ar– tistas, é mais do que um exemplo de homem, é um realizador de be– lezas, de encantamentos, de virtudes e de fel'icid.ades. Há 40 anos lançavas nesta terra o teu CRUCIFIXO. Não sei quan– tas almas ficara m crucificadas de emoção pela sonoridade dos teus poemas magníficos. Existia, entretanto, áquela época uma criatura que ccntinua .a ser até hoje o adoraci.o Crucifico de teu coração e da alma do.s teus filho3. Ela, a mulher, a mais amada, aquela a quem uniste a tu.a poesia de artista e os teus sentímentos de homem. Ela, a santa lua das tuas noite3 sonambulas. Ela, a heroina, a ternura, a dedicação, o estoicismo, .a renuncia, a esperança, a hostia, o balsamo, a verdade de teu lar . Ela, a Francisquinha, a Francisqu,nha, a quem, em 1924, no POESIA, já pedias perdão nestes três versos belissímos : "Perdôa! Eu levo p.ara a eterna viagem o teu nome no adeus de minha voz e n os meus olhos mortos tua ímagem". Bruno, levanta dessa cadeira, meu irmão. Desce a escada. Apro– xima-te del-a, da criatura meiga e doce, superior e nobre, que tran5- formou seus se;os na fonte criadcra dos artistas que o amor concebeu, os teus filhos glorificados todos pelo valor próprio e pela tua poesia, e nesta casa abraça-a de encontro ao peito, ambos os corações pulsan– do com afeto e saudade, para que possamos nós, teus irmãos, e teus amigcs, palmear a vitória dos teus 40 anos de poeta, numa apoteose de emoção e de beleza humana, enfeitada de lágrima.s e colorida com as flores d.a nossa ventura pela tua gloriosa e glorificada poesia de escritor de raça. Belém, 6 de dezembro de 1960. 73
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