Revista da Academia Paraense de Letras 1961

Aqui não cabe apenas o louvor ao trabalho perseverante que enfrentamos para chegar a esta realidade. E' preciso destacar, antes de tudo, a Fé que nos alentou para vencermos os obstáculos que dificultavam os nossos pas– sos, mas não chegavam a perturbar o itinerário que havia– mos traçado. Sim, tivemos Fé, como a que revela Menotti del Picchia, no 'O CANTO DO FEN1CIO", comparando-a a um cárcere de granito: "A Fé é como um vaso a conter, insofrida, nossa alma que, buscando a causa desta vida tem ansias de fugir, compreender o infinito, alagar, transbordar, encher a noite escura; A nossa Fé é como um cárcere de granito: Não deixa a alma vasar neste enormé e profundo labirinto sem fim, neste abismo sem fundo que se chama loucura". Foi com essa Fé, inabalável, acrisolada, ". . . vaso a conter, insofrida, nossa alma . .. " que nos lançamos à tentativa de conseguir casa própria para :1. Academia. Oliveira Lima, no discurso proferido na Casa de Macha– do de Assis, na noite de 17 de junho de 1903, quando ali in– gressava para as glórias da imortalidade o historiador Var– nhagen, referiu-se à pobreza do Silogeu, naquela época, ex– clamando: "A Academia Brasileira vive ainda sem mobilia - ' em casas generosamente emprestadas. Nao nos pro- creou a munificência de um Cardeal - Ministro, nem nos perfilhou o carinho de algum Ministro secular . ' mas ammou-nos as promessas da representação na- cional. A Academia espera algum dia morar em ca– sa própria" . Por mais de meio século viveu a Academia Paraense de Letras, também, sem mobília, em casas emprestadas, ani– mada com as promessas falazes que lhe faziam, sem alcan– çar nada de objetivo, mas, sempre - "esperando algum dia morar em casa própria" . No ano de 1954, demos os primeiros passos tentando alcançar a meta dos nossos sonhos. ' - 6

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