Revista da Academia Paraense de Letras 1961
- .. gens - diz Machado Coelho - poemas com gosto de "terroir", porque cheios de expressão, de naturalidade, de colorido, de pensamento, de tudo enfim que é de nossa terra e nossa gente". É um livro de ritmes afro-americanos - .a.firmou Ramayana de Chevalier, sem intenções de psic_ologia cientifica, antes um ingenuo e simples lirismo descritivo, bordado de talento nas oportunas ano– matopéias, verdadeiros simbolos raciais rebuscados por um conhecedor arguto da matéria. Uma espécie de sociograma curiosissimo, a mere– cer a atenção da critica nacional. Definitivamente conrngrado pela critica nacional e estrangeiro com BATUQUE, Bruno conquistou com essa obra o prêmio de Poesia do Govêrno do Estado em 1954. Surgindo como romancista, em 1954, foi logo conquist.ando o prê– mio de romance do Govêrno do Estado, com o seu livro CANDUNGA. Alceu Amoroso Lima, certa vez disse que "leva a literatura o ho– mem facilmente ou muito acima ou muito abaixo de si mesmo. Eleva-o, quando representa uma exigênci..a de sua natureza profunda . Degra– da-o, quando exprime apenas o desejo de cria.r uma nova natureza, postiça e artificial. No primeiro caso, explica Amoroso Lima, coloca-se no próprio caminho da vida . Impõe-se, sejam quais forem os obstaculos e tanto mais fortemente quanto maiores forem os obsta– culos. Nem o sofrimento, nem mesmo a .felic'idade - mais düicil de vencer do que o infortunio - conseguem desvi..ar de sua ascenção aquele que sentiu um dia o apelo misterioso da voz literária". Foi assim que aconteceu com Bruno de Menezes . E tanto isso é verdade, que no ano em que êle completa 40 anos de poeta, conquista, entre mais de 100 brilhantes concorrentes, o pri– meiro prêmio de pcesia, no concurso instituido pela Academia de Letras de Ilheus . São os ONZE SONETOS com chaves de ouro do principe dos poetas brasileircs, livro no qual êle ressurge O· mesmo lirico e o mesmo emotivo, o mesmo poeta de sempre, o mesmo artista absoluta e dominador e sincero . Artista sincero sim, porque no en– tender de Gustavo Gorção "o mundo moderno precisa angustiosamen– te de artistas sincercs, que tenham a coragem de fazer experiências supremas e de afirmar uma eminente liberdade, que digam o que é impossível dizer e que revele aos homens a profundidade do humano". • • • Eis em traços rápidos, abusando mesmo da paciência da assistên– cia, um pouco do talento de Bruno de Menezes, da sua vida, que todos conhecem, que todos admiram e querem bem, que nenhum de nós censura, porque ele é o mestre, é o nosso Pai João é êle mesmo, au– tentico, perfeito, vertical, e que se mudar morrerá um c-apítulo vivo, palpitante e permanentemente atuante da vida intelectual do Pará. Estarão todos satisfeitos com que foi dito, no tempo limitado que dispomos e que parece já excedemos, da vida de Bruno de Menezes? Cremos que sim . Mas, no intimo, alguém deve desejar perguntar: E o passado do Bruno, se todo h : mem tem o seu passado? Sim ... o passado do Bruno, as boemi.as drs Bruno, aquele mundo outro que nós não conseguimos penetrar, mas bi.<;bilhotamos com a nossa indis- 71
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