Revista da Academia Paraense de Letras 1961

... derna, constituindo-se uma edição do próprio autor e o primeiro tra– balho obJetivo da imprensa proletária que êle imaginou . Bruno de Menezes surgiu nas letras rodeado da simpatia dos in– telectuais de então. O moço surgia com toda a fôrça de um autêntico valor e de seu talento criador, "simples, mas simples sem o saber", muita coisa se e.sper.ava . J.ayme D'Altavilla, em Recife, dizia ser "Bruno um temperamen– to digno de estudo", pois lendo-se as páginas de CRUCIFIXO fica-se aqui e ali enlevado com a clareza e o rítmo de um verso, que muito demonstra de sentimento e expre.ssão". Com o correr do tempo, .1oi trabalhar na revisão da FOLHA DO NORTE e na redação de "A Semana", no tempo de Manuel Lobato e Alcides Santos, onae publicou um soneto dedicado ao talento oratório de Apolinário M,oreira, que o levou para auxili-ar da Secretaria da Fa– zenda (Tesouro do Estado), em 1923, com a gratificação de 200 mil reis por mês. Nessa repartição foi prcgredindo, até chegar a oficial no Impos– to Territorial, isto à época do Govêrno Sousa Castro, quando conhe– ceu a Abelardo e José Cc. ndurú, e Francisco Campos, sempre estimu– lado por Apolinário Moreira. Sem penetrar na roda de Vespaziano Ramos, Albano Vieira, Tito Franco de Almeida e outros, veiu a tra– var conhecimento com Jacques Rola e Elmano Queiroz, remanescen– tes dos círculos boêmics, que iam perdendo os seus maiores vultos. E ingressou na boemia elegante da terra. Já com nome firmado, como literato e poeta, ideiou a fundação de uma revista que servisse aos moldes do societismo de então . Com Alfredo de Sousa, Manuel Malhado, Edgar. Franco e outros e com o decidido apoio de Apolinário Moreira, lançou, em 1924, o primeiro número de BELÉM NOVA, que trouxe outro3 rumos às publicidades de arte, letras e elegancia sc– cial, e que foi t-ambém, sob a sua orientação, a flama reacionária da transição por que vinha passando a arte pcetica no pais, com reper-= cussão no Pará . Dirigindo a BELÉM NOVA, que marcou época, Bruno de Menezes lançou "Bailado Lunar", cuia impressão terminou a 31 de março de 1924, n as of ·cinas graficas do Instituto Lauro Sodré, onde também era impressa a revist a, estabelecimento então dirigido pelo saudoso Raimundo Machado . Afirmando que a poesia d'agora é mais sugestão que expressão e sugerir é o inverso de dizer tudo, abertamente, Bruno de Menezes fl,crescentava que "Bailado Lunar" er.a o último sucesso do "dancing" da Lua ... " Foi ai que ficamos sabendo que a lua é a neurotica dos pcetas sobrevivencia da saudade, é uma saudade n.a memória, é uma freira: piedosa, é a bailarina imemorial dos ares, de'3maiando n os braços das estrelas Remigio Fernandez, com a sua autoridade cte 111estre, dizia, pelo "República", que "o nosso poeta oficia na moderníssima igreja esté– tica, crê que a renovação do rítmo e d-a forma técnica, dentro dos processes métricos, define perfeitamente a corrente atual para alcan– çar a realiz,ar a verdadeira arte". E acrescentava: "Em Bailado Lu– nar, porém, indiv!dualizou-se mais propriamente o poeta do que qualquer esccla ou seita. Está perfeitamente ali , sosinho, ermo, o poeta rebelde às formas concretas da velha poetica" . O saudoso Austro Costa, o João da Rua Nova, de Recife, afirmava ser Bruno um poeta Novo e Bom, com talento creador e de uma "es candalo.sa simplicidade" . Paulo de Oliveir.a colocava Bruno de Menezes entre os melhores pcetas da gei:ação brasile1ra, formando prestigiosamente ao lado de 69 -

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