Revista da Academia Paraense de Letras 1961
► rarias, porque são elas que geram o manancial dos espiritos capazes de tornar a sua pátria forte e admirada .. . XXX -- Em 1944 pretendi uma Cadeira neste silogêu, não tendo consegui- do com outros comp.anheiros de infortunio, a satisfação de ingressar eleito pelos seus membros, no recinto cio seu areopago . Novamente, em 1947, estimulado por amigos generosos, resolví pleitear mais uma vez, uma Poltrona, a de "DOM ROMUALDO DE SEIXAS", que se achava vaga, quando a vossa solicitude atendeu o apêlo, do caminhante que pedia pousada. XXX Dom Romualdo de Seixas, patrono da Cadeira· que venho ocupar, foi um sacerdote preclaro, de inteligência deve:·as luminosa, e cuja bondade o tornou no Brasil, o sacerdote mais notável no século 19. Duas léguas acima da cidade de Cametá, berço de tantos homens ilustres, encontra-se um grupo de ilhas, tão bel.as pela forma, quan– to engraçadas pelas elevadas palmeiras e outras árvores viçosas, que lá crescem, como se alí fôr.a um paraíso 1loral . Em uma dessas ilhas, chamada M'utuacá, nesceu a 7 de Fevereiro de 1787, Romualdo Antônio de Seixas, filho de Francisco Justiniano de Seixas e sua espôsa, Dona Angela de Souza Bittencourt. Não lhe rodearam o berço, nem as pompas nem as galai; da no– breza, pois seus paes eram pobres, e da classe medi-ana da Sociedade . O pequeno Romualdo n ão precisava porém, da noblliarquia he– reditaria, quando tinha em si, um talento notável que se revelou des– de o., primeiros anos. Queren·do aprimorar sua educação, seu tio Dom Romualdo de Souza Coêlho, fe-lo seguir para Vsbôa, onde frequentou com muito aproveit-amento as aulas da Congregação do Oratório . Voltando ao Pará, quando tinha 19 anos de idade, Romualdo foi encarregado, pelo Bispo Dom Manoel de Car,·alho, da regência da cadeira de Latim, Filosofia e Retorica , do Seminádo Episcopal, car– gos que desempenhou com grande relêvo. Na abertura da aula de Filo.sofia declamou um discurso, em que mostrou os va stos conhecimentos que possuía sôbre o assunto. Na ausência de seu tio, dom Romualdo Coêlho, foi nomeado vi– gário geral . Por ocasião das exequias de Dom Manoel de Almeida Carvalho, Bispo do Pará, falecido em 1818, pregou uma grandiloqua oração fu– nebre, que foi impressa em Lisbôa, sendo muito elogiada pelos maiores pregadores daquela época . Em 1821, por ocasião da Revolução do Pará, foi nomeado Presi– dente d.a Junta Provisória, encarregada da Administração da Pro– víncia. Foi ele que conseguiu , que os prisioneiros condenados á morte, pelas suas manife-;tações em favor da independência do. Brasil, fos– sem para Lisbôa, sob pretexto de sujeita-los ao poder moderador, único meio de livra-lo.s da pena última . O Govêrno Imperial tendo em muita consideração o seu saber, bem como os seus predicados moraes, nomeou-o em 1826, Arcebispo da Baia, Metropolitano, e Primaz do Brasil. Dom Romualdo de Seixas, agraciado depois pelo me,mo Gtovêrno, com o título de Ma rquês de Sant a Cruz, nobreza essa adquir'da por excepcionais merecimentos intelectuais, além de sermonista renoma- 63
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