Revista da Academia Paraense de Letras 1961
E não há dúvida que a nos:,.a Academia Paraense de Letras con– grega no seu seio toda uma coleção de talentos acimiráve_s, distintos e brilhantes, marcando especialidades dos mais variados matizes . Todas as classes de cultura superior se acham aqui representadas, por individualidades que, de algum modo se sobressaem, pela sua 1aina puramente intelectual. Já houve alguém, eminente no mundo das idéias, o Profes.,or ;paulo Maranhão, - que disse com autoridade inconteste, que a Aca– demia Paraense de Letras repr~ enta o patrimonio cuitmal oo Estaco. Se há assertiva justa é essa, quê vem ao encontro dum conceito -solidamente firmado no meio da sociedade local. Na antiga Grecia, 500 anos de Crist o, eram celebrados em ódes e poêmas, os triunfadores nos grandes jogos atléticos. Na atualidade existe também a admiração pel-as g1órias olimpicas, que dão mostras das qualidades tisicas de uma raça . Os esportes constituem como outrora, a fórma mai.s apreciavel dos divertimentos públicos; os preliadores nos torneios da destreza e da fôrça fazem por momentos brilhar as glórias das nações; mas serão efémeras essas glóri-as, se estes povos não tiverem a alicerçar– lhe o prestigio, a auréola da beleza e da graça, que nasce eterna das literaturas . .. Os homens de letras, · que vivem pelo pensamento e teem como símbolo de cultura, o Livro, é que edificam através dos séculos, o valor das nacionalidades . Não nos iludamos, relegando os literatos para o plano secundário da coorte dos homens que constroem a grandeza da Pátria! Se há progresso nos países, é ele inspirado pela fôrça anónima, incoercível e inspiradoras das realizações felizes, que vive latente nos fócos de Cultura. E as academias o que fazem, é exatamente, selecionar essas men– talidades que dão alento através do seu pensamento, às idéias novas que são o sustentaculo das civilizações. Mas, note-se: nos tempos antigos os povos, parece, pugnavam mais pelos jogos atléticos. Por uma simples razão . Porque, por exemplo: a Grécia era urnca . Possuindo os seus ge– n ios na filosofia e nas artes, era irrevalisavel. E na idade moderna, a ciência e a arte espalharam-se pela mundo, estabelecendo entre os povos uma concorrência vital. Cada vez mais se afirma e avigora a crença no decorrer das id-a– des, que os povos valem pelo que pen~am . E é justamente, esse Pen– samento, quem dá impulso á marcha C:o Progresso. Desde então, os esportes apesar do seu brilho, não obstante a sua fama, passaram a ser méros adornos, na constituição das nacionali– dades. Neles, uma simples derrota b-asta para arrazar todos os louros. E as nações fortes e ricas pelos seus recursos materiais como sejam, matéria vegetal, minéreos e terras boas para agricult{u-a _ não serão suficiente gloriosas, se não tiverem a amparar-lhes a 'pu– jança, a inteligência e a cultura de seus filhos. Monteiro Lobato já pontificou que o livro é o arquivo da civiliza– ção. E é unicamente por ele, que as gerações se vão orientando na send-a do Trabalho . Diante da máxima de August<;> Comte, de ~ue os vivos são, cada vez mais, governados pelos mortos, pressente-se oculto, o instrumento que opéra esse determinismo ou inspiração, da ciência antiga sôbre as gerações novas. E esse instrumento não é outro, que não sejam as letras . E' dever pois, dos govêi-nos, elevar o nível mental de seu povo protegendo as instituições de cultura artística, especialmente lite~ 62 •
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