Revista da Academia Paraense de Letras 1961
seguiu uma coleção, em Belém, não só pela exiguidade da re– messa distribuida, como, igualmente, pelo custo, talvez ele– vado. que afetava a anemia aquisitiva dos ganhos médios, dos leitores amazônicos. Nas referências alusivas ao seu obituário, naquelas que chegaram ao nosso conhecimento, não deparamos comentário ao seu estilo, que se afirma ser de uma original concisão, com pendores para um realismo sóbrio, empr estando clima de bra– siJidade clássica às suas páginas, dando-lhe a posição de "con– sagrado mestre dos romancistas brasileiros". Realçando êste aspecto literário, na biografia de Gracilia– no Ramos, não desejamos compará-lo ao da obra imatura de João Viana, que eclodiu em livro, nas letras da Planície, com o romance "A Fazenda Aparecida", como foi dito, partindo para o seu roteiro literário, com essa obra, que esteve, injusti– fkadadamente , guardada alguns anos , como uma larva no seu c~sulo, à espera, sabe lá quando, de se expandir ao sol. . . -0- Para acentuar que um grupo nortista, vinculado à Ama~ zônia, houvera concorrido para sua inclusão em o volume II da "A Literatura no Brasil", da direção de Afrânio Coutinho num oportuno trabalho de Peregrino Junior, ao fazer um le~ vantamento dos diferentes estágios do movimento literár:o atuante na "ter ra anfíbia", apreciaremos, em síntese, as linhas gerais do erudito estudo do ilm~tre Presidente da Academia Brasileira de Letras, que inapagáveis lembranças de sua afe– tividade, cultura e elegância social deixou, quando de sua pre– ·sença neste Silogeu. E' que, do ponto de vista literário, característicamente amazônico, sofremos o impacto da selva, constrangedora e ab– sorvente, das águas insaJ.úbres e avassalantes, da paisagem dormente, marginando rio!, imensos; do silêncio gestativo e es– magador, do domínio absoluto da mataria ; das assombrações por seres lendários, no recesso do arvoredo apavorante, no ensombrado úmido dos paranás, onde boiam vitórias-régias maravilhosas e alentes. De par com êste painel assoberbante, que levou a região ao epíteto dramático de "Inferno Verde", de Alberto Rangel surgiu a intromissão do homem, no conceito de Euclides d~ Cunha, neste trecho do planeta, ainda hostíl à sua presença tornando-o vítima da "panfagia formidável da selva", segund~ Ronald Carvalho. Abusou-se, então, de um regionalismo de apoteose à terra e às suas cousas fantásti.cas, ou seja, uma exaltação lírica - 58 -
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