Revista da Academia Paraense de Letras 1961
),:..... Graciliano Ramos eJoão Viana (Discurso de saudação do acadêmico Bruno de Menezes) Ao ensejo da posse do acadêmico João Rodrigues Viana, na Academia Paraense de Letras, o acadêmico Bruno de Menezes proferiu o seguinte discurso de saudação: Nas linhas biográficas de Graciliano Ramos, inclusas em "Histórias Incompletas", registra-se que o saudoso e discutido romancista estreara nas letras com o "Caetés", escrito em 1926 e publicado em 1933, sete anos depois de sua conclusão, não obstante o autor se encontrar atuando no Rio de Janei– ro desde 1914 . Nascido a 27 de outubro de 1892, em Quebrangulo, Ala– goas, de onde saira com 24 mêses de idade, Graciliano teria 41 anos , quando o povo letrado conheceu o primeiro livro do literato descendente de um negociante miudo, Sebastião Ra– mos, que desposara a filha de um criador de gado. Seu pai comprara pequena fazenda em Buique (Pernam– buco), e para ali se mudara com a mulher e os filhos. Tendo sobrevindo a sêca, que lhe matou o gado, Sebastião abriu uma loja na Vila, não terminando nesse episódio o drama da in– fância de Graciliano. Assim, na acidentada puberdade, vivida em Viçosa (Ma– ceió) , e em Palmeira-dos-Indios, o futuro mestre do romance brasileiro contemporâneo, que trabalhara com seu pai feito caixeiro, na loja de fazendas , não conseguiu evitar um con– flito doméstico, que o levou a se transferir par a a metrópole do país. Provinciano desajustado no ambiente carioca , teve em– pregos vulgares, inclusivr de revisor em vários jornais, para vir, mais tarde, a se decepcionar com o meio e regressar ao nordeste, transformando-se depois , em comerciante, para ocupar, posteriormente, a administração municipal de Pal– meira-dos-Indios . - 55 -
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0