Revista da Academia Paraense de Letras 1961
tão somente pela esperança que deposita naquilo que eu a.in – da possa realizar. A crítica foi, também, de uma bondade a toda prova pa– ra com a "A Fazenda Aparecida". Houve até quem a elevasse, generosamente, à categoria de ensaio. Os senões registrados por um crítico, não chegaram a amolgar a sua tenra estru– tura, e estão perfeitamente esclarecidos na apreciação de ou– tros, de que uns comentadores elucidaram, quase sempre, aquilo que, para outr os, se tornou obscuro, poupando, destar– te, o trabalho do autor em fazê-lo. Lembra-me que, certo dia, a bordo de um iate, viajava~ mos para Cachoeira do Ararí, quando fui interpelado pelo nosso insuperável Bruno de Menezes, êsse bamba da poesia e do entusiasmo, cuja côr argêntea dos cabelos reflete a jovialidade do seu espírito e a limpidez da sua alma: -Viana, você deve escrever alguma coisa sôbre Marajá, sua gente, seus costumes, tem muito material para ser ex– plorado . Com o respeito devido ao mestre, respondi: Já escrevi. Tenho um livro. - Um livro? Quando? Não vi nada! ... Não poderia ter visto, de fato, aquilo que estava circuns– crito no âmbito da família. Mas a sua curiosidade só parou quando lhe passei os originais à mão. Daí para alcançar as de Georgenor Franco, essa outra fôrça dinâmica que integra a operosa Diretoria desta Casa, foi questão de poucos passos. O resto Vossas Excelências já perceberam... estava, dessa forma, descoberto o escritor, cuja máxima aspiração é a confiança que Deus não lhe há-de faltar com sa suas ben– cãos e as suas luzes, para que a importância e alta distinção Ôue emanam desta Comenda, não esmague, com a sua noto– r'iedade a característica mais preciosa do seu espírito - a simplicidade. Chegamos, assim, ao fim dessa lengalenga do caboclo marajoara, que vem do campos armentosos e sossegados da Grande Ilha, para a inquietude criadora da vida acadêmica, na melhor convicção de compartilhar das decepções e das alegrias dos denodados companheiros que aqui sacrificam as suas melhores energias pelo engrandecimento das letras nes– te esquecido pedaço do Brasil, trazendo como arma de luta o escudo inquebrantável do seu ideal e como oferenda de gra– tjdão o coração cheio dos mais nobres e fraternais senti– mentos. - 54 - I l
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