Revista da Academia Paraense de Letras 1961
V. Excia . realizou um sonho, o maior sem dúvida da sua vida nobre, honrada e de trabalho constante e esplen– dente. Sei existir em seu coração no dia de hoje, um rosário de emoções supremas. Supremas e justüicadas emoções. Deus - é sempre bom não esquecer Deus - foi magnâ– nimo para com V. Excia. Magnânimo e justo como sempre. Permitiu que a sua eleição se processasse num ambiente cor!. dial e nenhum voto contrário empanasse o brilho de sua vi– tória merecida. A sua eleição foi a maior glória desta noite de glória triunfal : foi unânime. Permitindo isso - difícil e raro nos cenáculos de letras - prqporcionou o Supremo Arquiteto a V. Excia., meu confrade e amigo, o direito de tomar posse de sua cadeira no dia do natalício de sua fiel companheira, sua digníssima esposa, aquela criatura sem a qual a sua vida não seria o que é , criatura que além de necessária e útil é indispensável ao destino de V. Excia . , pelo seu espírito com– preensivo, pela abnegação de seus gestos, pela pureza de· seus sentimentos, pela sua esplendida capacidade em saber renun– ciar para vencer sempre, ·e pela sua absoluta confiança no seu carater íntegro e em Deus . Quem nos dirá, meu confrade e amigo, que tôdas as vi– tórias que o seu espírito tenha alcançado, não hajam sido construidas silenciosamente pela fé ilimitada de sua esposa, nos mistérios divinos? Sim, sem a Fé os homens não obtem nem o direito de morrer felizes . Melhor que eu, V. Excia . sabe, estudioso de psicanálise, que nem sempre a mulher é útil à vida do homem, all)esar de necessária. Muitas e muitas vezes, uma mulher transfigura um destino e desgraça uma vida . Deve haver na alma de sua dedicada esposa e constante amiga, no dia de hoje, uma revoada de preces ornamentando de ternura e de perfumes o esplendor desta noite inesquecível. Deve ela estar recordando o dia da sua formatura , pri– meira pedr a lançada no edifício suntuoso das continuadas e merecidas vitórias de V. Excia . . Deve ela estar relembrando o dia em que , ambiciosos de felicidades e honestos de propó– sitos puros, ambos subiram as escadarias da Basílica de Na– zaré, e, ao som dos carrilhões, uniram vida e destino para a apoteose estupenda de um amor que nunca envelheceu, por– que manteve sempre a pureza da mocidade dos sentimentos sãos. Será sua esta festa, meu confrade e amigo? Não. Não! E não! A festa é de sua esposa. As palmas, os lírios, as luzes, as bençãos, os perfumes, a beleza, o lirismo, a nobreza desta noite de gala a ela pertence, de fato e de direito. V. Excia. , pensa como eu, tenho certeza, e por isso mesmo é que escolheu o dia de hoje para a sua posse. - 43
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