Revista da Academia Paraense de Letras 1961

sastrado, não podia ter êxito na profissão. . . E mesmo teria fracassado ,porque a Pará Eletrica foi à falencia ou levaram– na à garra ..·. D€U)Ois, pretendi ser médico (ser médico! e que alegria, por minha ciencia vitoriosa, ver melhorando, dia a dia, a minha pobre tuberculosa", diria o mavioso poeta De Campos Ribeiro). Mas, devido à sensibilidade que possuo, não fui nem uma coisa nem outra.. Obedeci ao destino: tornei-me poeta e é na Poesia que encontro consolo e, mais que isso, cura às minhas mágoas e incentivo às minhas alegrias. "E' meu tormento. Chamam-lhe poesia, arte do verso. Chamo-lhe o madeiro a cruz da minha noite e do meu dia Cruz em que verto o sangue verdadeiro, e em que minha alma em transes agonia, e o coração se crucifica jnteiro . . . " Antonio Austregésilo também confessa, ao ingressar na Academia Brasileira, que "nos limites das coisas possíveis, no livro dos seus sonhos, na págjna dos grandes desejos, ins– crevera a Academia" . Esta foi, durante anos, para êle, um problema de felicidade. Experimentando as mesmas sensações de Antonio Aus– tregésilo, sei que V. Excia. , hoje, chega a ter a ilusão de que é feliz ,de haver encontrado a miragem fugídia, sonhada não por mera ambição de vaidade, mas como ideal desinteressa– do e nobre, como prazer intelectual. Tenho certeza que V. Excia. , não procurou a Academia como um refugio de de– cansas ou como um baronato de inteligência. Como aquêle a quem me referi acima, ~ei que a considera uma instituição de destinos ativos, a exigir de todos nós trabalho, esforço, dedicação e capacidade de fazer. Eldonor Lima: - Ninguém melhor do que eu - e nesta confissão meus senhores, não vai o menor excesso - ·- nin– guém melhor do que eu para sentir com V. Excia. a emo– ção desta noite inesquecível. V . Excia . , veio ter às nossas portas na hora necessária, na hora exata, na hora em que o triunfo desejava aureolar, definitivamente, a sua fronte tantas vezes aureolada em Congressos Científicos Nacionais e Internacionais . Antigamente, era o povo que o glorificava nas tardes olímpicas, aqui e no sul, quando V. Excia. defendia, com amor e brio e não por interêsse pecuniário, as cores do clu– be do seu Estado natal. Depois, era a mocidade que o res– peitava e r espeita até hoje nos bancos universitários, pro– fessor notável que é . Hoje, é a cultura da terra em que V. Excia . nasceu, na sua expressão mais elevada, que o glo– rifica e proclama imortal . 42 -

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