Revista da Academia Paraense de Letras 1961
sua esposa, ao meu consultório a fim de chamar-me para atender seu filho José Thomaz Maroja, que havia sido ope– rado de uma "Sinusectomia", por um cirurgião, e, que se en– contrava com uma "infc.>ção post-operatória" , necessitando de uma intervenção urgente, a qual praticamos com êxito. A segunda, quando em 1949, nos candidatamos pela segunda vez a esta Academia, e em companhia do nosso prezado ami– go acadêmico Murilo Menezes, fomos à sua residência, na travessa do Jurunas, numa manhã chuvosa de domingo, pe– dir-lhe o seu voto de acadêmico. E depois de ouvir as justi– ficativas do meu pedido, e de meditar e raciocinar, como de– via ser seu habito, em todas as sentenças que julgava como juiz, com a sua voz pausada e sua "dição de origem sertane– ja", como se naquele momento fosse lavrar mais uma de suas sentenças, disse-me: "Dr. Eldonor, dois motivos impelem-me de votar em sua pessoa para a nossa Academia de Letras : primeiro é reconhecer no amigo méritos para fazer parte do nosso Silogeu; e o segundo, é que quando eu e minha mulher fomos ao seu consultório, procurá-lo como especialista em doenças da boca, para atender nosso filho, que se encontrava passando mal, num leito de Hospital da Santa Casa, naquela mesma ocasião , às 1?. horas, o senhor atendeu-nos, tirando– nos de uma grande aflição, por que José Thomaz estava de– lirando com febre de 40 graus. E a gratidão, senhor doutor, tem sido o grande apanagio de toda a minha vida". No entanto, mal sabia o insigne intelectual, que o seu voto, por procuração, não me serviria para me eleger naquela ocasião nesta Academia, por qne o "Destino" e a "Fatali– dade" , que ele tanto abordou em seu romance - "Azar" , re– servava-me justamente oito anos depois, à sua poltrona n . 0 5, que êle tanto honrava com o fulgor de sua inteligência e do seu talento, para eu ocupar depois de sua morte. E se é verdade o que dizia Camilo Flamarion, "que os vivos são sempre e cada vez mais governados pelos mortos" , eu aqui me encontro, para continuar dentro das minhas poucas pos– sibilidades intelectuais, à honrar a poltrona do insigne en– genheiro Dr. Bento de Miranda, e que foi ocupada pelo juiz íntegro, pelo professor inteligente e pelo intelectual admi– rável, que foi Rainero Maroja. O HOMEM E A SUA OBRA Infelizmente, meus senhores, não nos foi possível fazer um estudo de ''.biopsico-patografia" , do único ocupante da poltrona n. 0 5, como era nosso desejo, porque o tempo de um discurso acadêmico, não nos permite distender muito no estudo do homem e sua obra. Mas, fazendo um ligeiro estudo - 33 -
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