Revista da Academia Paraense de Letras 1961
.. formando-se em 1908 . Em 1912 , como todo nordestino, sen– tindo o espírito de aventura e naturalmente com o desejo de conhecer essa tão falada e "Novíssima Mesopotamia" , esse "Inferno Verde", de Alberto Rangel, e, na época do "Ouro Negro", em que se queimavam as notas de Cr$ 500,00, nas pontas dos charutos Havana, resolveu embarcar para Belém do Pará, a fim de começar a sua vida de jovem, inteligente e culto, embora modesto e tímido, mas com ardor de todo o homem do Nordeste, que sabe enfrentar a vida, ainda que contra todas as adversidades que ela possa apresentar. E foi assim, que, apenas com o canudo de um "Diploma de Ba– charel em Direito" e com o cerebro cheio de teorias e de leis, Rainero Maroja, desembarcou no cáis de nossa cidade, nessa época centro de todas as companhias "Líricas da Europa", em que o nosso Teatro da Paz, recebia os artistas mais afamados d•o mundo , como a bailarina Ana Palowa e o tenor italiano Caruzo . Nessa mesma época, passou a exercer o cargo de juiz substituto de Itaituba, de onde pediu demissão por expon– tânea vontade, para assumir o cargo de Promotor Público do município de Cachoeira, no Ararí, oride contraiu casamento e viu · nascer todos os seus filhos, lugar que só abandonou por que a educação destes reclamava a sua t ransladação para a capital do Estado, pois aquela localidade se ressentia de colégios secundários, o que mesmo assim, só concretizou sob o estimulo da opulenta personalidade de Agostinho Monteiro, competente médico e economista patrício; tamanho o amor que dedicara a terra marajoára, onde viveu dias felizes e tranquilos e viu crescerem os filhos na garrulice inerente a-:::>s pequeninos. Em 1913 , conta-nos a acadêmico, Dr. Manuel Lobato, Rainero Maroja, estando present e numa reunião política, na residência do então intendente de Cachoeira, Dr. José Vi– cente, foi convidado para orador do ato, e impressionou os presentes com o seu discurso, cheio de entusiasmo, de um moço ainda idealista e repleto de convicções . Em 1925, Reinero Maroja foi nomeado pelo então gover– nador do Estado, Dr . Antonio Emiliano de Sousa Castro , para exercer a catedra de português do Ginásio Pais de Car– valho , cargo que desempenhou com proficiência, pois era um grande conhecedor do nosso vernaculo, cargo este , do qual também pediu demissão, por haver diver gido da orientaçãJ política e ad;11inistrativa do ,g?yêrno de então, retornando à Cachoeira, sede do seu dom1c11lo. Transferiu-se para Belém, em definitiva, no ano de 1929, havendo sido nomeado Intendente de Gurupá, sem quase nada poder realizar em seu prol , senão tentar equilibr ar-lhe as finanças , face à pobr eza em que vivia aquela época esse 31
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0