Revista da Academia Paraense de Letras 1961
Foi na cidade de Cachoeira, onde Rainero Maroja, consti– tituiu seu lar, que tive a felicidade de ver o pedaço mais lindo do céu da minha terra, que até hoje jamais poderei esquecer. Viajava a cavalo, com dois vaqueiros do meu saudoso ami– go, o fazendeiro Dr . Adaiberto Lobato, de Cachoeira para a "Fazenda Paraíso", quando num dado momento da viagem, encontrei-me entre d.ois céus, o firmamento estrelado por ci– ma de minha cabeça e o r.éu dos vagalumes, sobre a relva dos campos marajoára . E diante este espetáculo, dos mais lindos que a natureza me proporcionou, meditei nas palavras r " grande filosofo e pensador alemão Emmanuel Kant, quando um dos seus discípulos lhe perguntou: o que êle havia en– contrado de mais belo em sua vida. ]'.:le respondeu: "O fir– mamento todo estrelado por cima de minha cabeça e a lei da moralidade humana". Foi nessa Cachoeira, que Dalcídio Jurandir inspirou-se para escrever seu belo romance - "Chove nos Campos de Cachoeira" - e o meu amigo acadê– mico João Viana, deliciou-nos com seu esplendido livro - "A Fazenda Aparecida", romance de fundo psicologico e so– cial dos homens e costumes dessa terra. Foi nessa "Cachoeira", repito, que encontrei numa via– g-em que fiz ao Lago Ararí, na lancha "Flecha", do meu ines– quecível amigo Juquinha Martins, as paisagens mais lindas áa natur eza amazônica, essa paisagem bela que fez o saudo– so escritor amazonense ,o nosso Alfredo Ladislau, escrever o o livro mais admirável sobre a Amazônia - "Terra Imatura". Essa terra verde, que Rainero Maroja encontrou quando saiu da cidade do Pilar, município de Itabaiana, no Estado da Paraíba, terra de João Pessôa, o paraibano que derramou seu sangue por uma pret ensa liberdade ; terra de José Amé– rico, autor de "Bagaceira" e do escritor José Lins do Rêgo, o autor de "Menino de Engenho". Foi nesta mesma Cachoeira, que Rainero Maroja, inspirou-se para escrever o seu esplen– dido romance - "que embor a tivesse tirado os seus persona– gens de Pilar, que êle apelidou de "Cidade das Dalias Bran– cas", não deixou de encontrar um motivo "subconsciente", para escrever esse livro, em sua terra de coração, e de seus filhos , a nossa Santa Maria de Belém. Filho de família pobr e da Paraíba, mas naturalmente, com uma t r adição de carater e de moral, de talento e inteli– gência , virtudes que têm credenciado a família Maroja em nossa t erra, haja vista dos seus descendentes, todos rapazes que t em brilhado, não só no cenário da ciencia, da literat.ura € do magistério, como também da política. Como sentisse ne– cessidade de ampliar os seus conhecimentos e continuar os seus estudos superiores, embarcou par a Pernambuco, a fim de matricular-se na t radicional Faculdade de Direito do Recife, - 30 -
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