Revista da Academia Paraense de Letras 1961
visita que fizeram ao governador Barata no Palácio Lauro Sodré, em nossa companhia . S . Excia . recebeu a todos cordialmente, de pé, como sempre recebia os intelectuais, e quando Jorge Amado, em nome da equipe literária, agTadeceu o gesto do Govêrno, o gal. Barata in– terrompou as palavras do grande romancista de "Mar Morto" para dizer: "A mim, os srs . nada têm a agradecer. Os agr adecimentos de– vem ser para o sr . Georgenor" . E dando liberdade a um sorriso am– plo, arrematou : ":tl:le é meu adversário político, dizem, mas veiu aquj e me pediu uma coisa just a e eu não neguei e por is~o os srs . estão em nossa terra, onde devem se sentir à vontade". Aproximando-se de Jorge Amado, disse que dele guardava a melhor das impressões, pois tinham sido comp.'.:l.nheiros na Constituinte depois da que,.1a da D ta– dura. E acentuou: "Quando seus companheiros de bancada (referia– se ao Partido Comunista mas não citou o nome) faziam onda, criavam caso, o sr. sempre manteve uma linha equilibrada e serena. Dai a minha admiração pelo sr . E quantas vezes desej arem volta.r a Belém basta telegrafar . Enquanto eu for govêrno, a t enderei com prazer". Durante mais de meia hora, S. Excia. palestrou com os escrito– res sôbre fatos históricos de nossa terra, sôbre a sit uação econômica e financeira do Estado, sôbre os problemas sociais• . Aquelas expre2sões e a objetividade com que abordou todos os assuntos, fizeram com que Jorge Amado, José Condé, Mauritônio .M'ei– ra e Waldemar Cavalcante, à port a de Palácio, fechassem um circulo em torno de nós para dizerem: "Mas é êsse o h e,mem t errível que pint,'.:l.m ai pelo Brasil afora? Estamos convencidos que tudo o que di– zem dele não passa de campanha política e nada mais . É um homem que sabe dizer o que pensa e o que quer fazer . Colhemos dêle a me– lh9r d,'.:l.S impressões" . De todos os seus atos referentes à cultura e à arte, em seu último govêrno, o maior deles, sem dúvida, foi aquele que diz r espeito à doa– ção do prédio próprio da APL . Aquela memorável noite de 29 d e Ja– neiro de 1959, a APL, quebrando a sua tr adição, :o trad id in ('P, t odas as Academias, tradição uma vez quebrada. em 1956 quando da pr e– sença de Peregrino Junior em Belém , convidou S , Excia. par a pre– sidir a sessão magna, gesto que o comoveu de man eira visível, e que não escondeu no discurso que proferiu ao encerràr a magn ifica noi– tada de poesia e glorias. Disse, então, S. Excia . que maior que o or– gulho que sent ia em ter podido, como governador, doar um prédio à APL, tornando realidade um sonho que todos nós alimentavamos h á mais de meio século era a emação que experimendava em pr&idir t ão bela sessão. Em .abril último, em palestra com o nosso pres;dente Erne3to Cruz, revelou o gal. Barata que estava enfermo à noite de 29 de ja– neiro, doente e com febre . Est ava ~e sentindo mal, mas se a morte o surpreendesse naqueLa hora morreria satisfeito e feliz, porque mor– ria numa noite de gloria de sua vida, na casa onde a cultura de sua terra era trata da com carinho, amor e respe ito . Nas quatro vezes que tive erusejo de palestrar com S. Excia . em Palácio, até onde ia a int eresse do momento intelectual de n ossa ter– ra, em tôd,as elas senti a honestidade de seus propó.sitos em viver em clima de paz e harmonia, em benefício da ter-ra e do povo do Pará . o nosso confrade Santana Marques, em .artigo no "O Estado do Pará", a 2 de junho, disse que n as veias de Magalhães Ba ra t.'l n ão havia apenas lama mas sangue também" . É Sant ana Marque que diz: "Magalhães Barata foi um soldado que nunca desert ou de sua t r in – cheir.a, chefe que jamais aba.ndonou o seu posto, recebendo com re;;ig– nação os louvor es nem sempre desinteressados e os insultos nem sem– pre sinceros . A devoção aos seus amigos - acr escenta o brilhante jor- -.. 175 --
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