Revista da Academia Paraense de Letras 1961
A 29 de maio de 1958, menos de um ano portanto da sanção da. lei 1458, em solen;dade realizada no Palácio Lauro Sodré, o gal . Ma– galhães B-arata assinava a escritura publica de doação do prédio que hoje ocupamos, cumprindo com a promes~a, não nos enganando como tantos outro3 fizeram . A 29 de janeiro do corrente a.no , já enfermo, com febre, há três dias sem sàir de sua reS'ldência p-ara despachar no Palácio Lauro So– dré, o gal. Magalhães Barata aqui veiu, pre.stiglar com a sua pre– sença honrosa e honrada o jubilo de todos nós. Todos os que aqui estavam ficaram impressionados com a cor, o aspecto de S. Excia . , que denunciavam gravidade em seu estado de saúde. Já no seu leito de dor e &abe-se que S. Excia. sofreu atrozmente com esparta.na coragem e resignação comovedora a tortura da cto– ança implacavel que o ceifou finalmente - já no seu leito de dor, de– sengana.do pela Ciência, afirmou, em abril último, ao nosso presidente Ernesto Cruz o seu firme propósito de, antes de deixar o govêrno e ainda em 1959 mesmo, fazer a doação e entrega imediata do testo deste prédio á APL, de modo a que pudessemos aqui instalar uma oficina gráfica, que prestaria inestimáveis serviços à cultura da terra, bem como encaminhar uma mensagem -ao Poder Legislativo elevando subs tancialmente o auxílio finance iro que o Estado nos pre,ta, há vários anos. Lamentável e infelizmente, . S. Excia. não poude con– cretizar seu compromisso - e êle er.a um rigoroso e intransigente cumpridor de seus deveres - porque s eu estado de saúde se agravou rapidamente, verticalmente, em caráter definitivo e sumário. A História, na serena realidade de su-as analises, fará de Mlaga– lhães Barata o julgamento que lhe é devido, como político e como militar, como líder de massas, o maior sem dúvida que o P.ará conhe– ceu de 1930 para cá . Não nos cabe aqui falar do homem político. Nos– sos Estatutos, sabiamente, não nos permitem abordar questões poli– ticas dentro da APL ou em nome del-a. Vale, entretanto, recordar, de relance embora, atos seus referentes à cultura ·e à arte em nossa terra. Concedendo, quando interventor federal em 1932, o primeiro au– xílio financeiro mensal à APL, concedendo sede própria ao I. H. G. P.; concedendo bolsa de estudo ao grande artista Adelermo Mlatos que, em 1958, passou 6 mêses na Itál'-a ; prestando auxílios finance'iros e adquirindo para o Estado exemplares de livros de escritores regionais. ou autorizando a impressão deles; prestigiando e apoiando tôd-as as in'iciativas da APL que lhe eram encaminhadas como as homen-3.gens ao centenário de José Veríssimo; elevando o valor do prêmio literário "Samuel Wallace M3.c-Dowell", instituído em sua segunda Interven– toria, e a edição de 1. 000 exemplares da obra laureada por conta do Estado; aprovando o regulamento pela Academia organizado para o referido concurso literário. 30 dias ante , de sua morte· convidando o escritor Gilberto Freire para vir a Belém e proferir, ' como profe– riu, uma conferência literaria; fornecendo passagens e conce– dendo hospedagem aos escritores Jorge Amado, Mauritonio M.eira José Condé, Osório !\">unes, Waldemar Cavalc.ante e Eneida para as~ sistirem ao Cirio de Nazaré e aos festejos do centenário de nasci– mento de Lauro Sodré, em outubro de 1958; autorizando a Imprensa Ofici-al a continuar a editar a Revista da Academia; o auxílio o cari– nho e a verdadeira ternura com que assistiu e prestigiava o~ irmãos Helena e Ulisses Nobre, são fatos positivos que evidenciam, à luz me– ridiana e sem qualquer intuito de elogiar quem já morreu o amor e o interêsse que o extinto gal . governador tinha pelas coisas eleva– das de sua terra e de sua gente . A propósito da presença dos escritores que aqui vieram em outu- – bro de 1958, chefiados por Jorge Amado e Eneida, vale recprdar a 174 - 7 1 1 1 j ~
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