Revista da Academia Paraense de Letras 1961
importância para a história do homem, que representa o es– pírito dos mortos, principalmente sob a forma de sombra, do mesmo µiodo que hoje dizemos no vale das sombras, quando referimos aos mortos. Hohd diz à propósito da importância dessas almas: "Não possuem mais vida do que a imagem dos vivos refletida no espelho". Os gregos antigos afirmavam que aqueles que ressuscitavam não possuíam mais sombra, por– quanto, sendo sombra as almas dos mortos, não 1poderiam projetar nenhuma". Na Russia, diz Rank, há quem acredite que o "Demonio", não possue sombra, o que explica a sua ansiedade em angariar a sombra de um indivíduo por meio de contrato. As numero– sas histórias, que nos vieram através do "folclore social", nas quais Santaná3 é enganado, recebendo a sombra em lugar da alma, que negociou, parecem ser uma reação contra a exage– rada importância ligada à perda da sombra". O TÊMA DA "IMORTALIDADE" NA LITERATURA O têma da "Imortalidade" e da "Dupla Personalidade" tem sido encontrado não só na literatura estrangeira, por Otto Rank e outros psicoanalistas, como também por nós, na li– teratura nacional, especialmente em Machado de Assis, o maior escritor brasileiro. E a influência que esse sentimento psíquico tem determi– nado na vida das personagens de seus escritores, à nosso ver, pelos estudos e observações que temos feito, em nossos ensaios das Relações da Psiçoanalise com a Literatura; estudando a personalidade psíquica do escritor, e, a influência que seu "es– tado sub-consciente", poderá influir na sua obra, sugere-nos a hipotése, de admitir que o temôr da morte, e a vontade do homem tornar-se imortal, faz com que esse sentimento de "Medo", de "Amor" ,e de "ódio", que existem em nossa per– sonalidade anímica, possa ter uma influência determinante na válvula censora "Super-Égo", de nossa psique, fazendo qu~ esse mesmo sentimento, possa se manifest~r, ou melhor, apa– n~cer, na obra do seu autor, como um sentimento de "Imorta– lidade" ou de "vida eterna". Mesmo porque, esse sentimento de "Imortalidade", nós não temos encontrado com a devida frequencia , em escritores que se suicidaram, como Stefan Zweig, Edgard Allan Poe e outros, a não ser em Maupassant, mas naturalmente devido ao seu estado Dipsomano. Isso porque a Psicoanalise nos mos– tra que todos nós somos possuídos de um "Instinto de con– servação" ou "Instinto de vida", e, quando, por motivo de um "conflito psíquico", desaparece de nossa vida anímica esse "Instinto de vida", o indivíduo lança da morte por su~s pró- - 16 - .. Ili •
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