Revista da Academia Paraense de Letras 1961

r • .. ditam que a alma está personificada na sombra". Os nativos das ilhas de Fidji, acreditam que o homem possue duas almas: uma escura, que vive dentro de sua sombra e que vai para o inferno, e uma clara, que é vista em sua imagem refletida na água ou no espêlho, e que o acompanha até a morte. Mas como conseguiram os homens enxergar a alma nas suas sombras? - perguntamos nós. Estudando os povos pri– mitivos e também a civilização antiga, verificamos que a pri– meira concepção da alma era, como exprime Nogelein, con– ceituado folclorista alemão: "Um monismo primitivo, que con– siderava a alma como a imagem do corpo. Portanto, a som– bra, inseparável do homem, tornou-se a primeira objeção da alma humana, talvez antes mesmo do homem haver percebido sua imagem refletida na água". "Segundo alguns autores, o fato de que o cadaver deitado no solo não conseguia projetar uma sombra, prova que a sombra havia partido com a alma". Dizem os folcloristas e os psicologos, que foi através do re– flexo que o homem viu pela primeira vez a sua forma. Mais tarde representaram a sua alma pela sombra, e, esta crença primitiva tornou-se a origem da crença da alma. Erwin Rohd, em seu admirável livro "Psique" , falando da "Idéia da Alma e a Imortlaidade entre os gregos", diz: - "A crença na existência de uma alma era uma das mais antigas hipóteses em que se baseava a explicação do sonho, do extase e das visões, fazendo com que um agente de natureza especial interviesse em todos os casos obscuros . Segundo o poeta gre– go Homéro, o homem tem uma existência dualista, uma visi– vel ,outra invisivel, que se desprende apenas depois da morte; esta, não é senão a sua alma. Hahita no homem como um hos– pede estranho, um débil, '·Duplo''. sua outra "Personalidade", sob a forma de sua "psique", cujo reino é o país dos sonhos. Quando a "PersonalidadE: consciente" adormece, o "Duplo" trabalha e vela . Tal imagem, refletindo a "Personalidade visi– vel", e constituindo a segunda "Personalidade", é considerada pelos romanos . como o "Gênio", pelos persas, o "Travauli", e pelos egípcios, "Ka". Segundo Maspero, entre os egípcios a forma primitiva da alma era a sombra, e empregavam indiferentemente os voca– bulos "Alma", "Duplo", "Ka'', "Reflexo", "Sombra" e "Nome" . Spies, em seus estudos, demonstra que os selvagens acre– ditavam na sobrevivência da alma depois da morte, na forma de sombra. A crença primitiva na alma, portanto, nasceu do mêdo da morte, afirma Otto Hank, em sua admirável obra - "A Dupla Personalidade". "Spies, demonstrou esse fato em re– lação aos povos civilizados e Frazer em relação as raças pri– mitivas. A primitiva concepção original da alma, é de tanta - 15 -

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