Revista da Academia Paraense de Letras 1961

"\ Fragmento de Um Discurso Saudando de Jorge Hurley Apolinário Moreira Entre os papeis velhos do saudoso homem de letras, academcio Apolinário Moreira, foi encontrado este frag– mento de discurso, escrito a punho pelo saudoso academico Hurley. Publicamo-lo, numa homenagem à memória dos extintos confrades. É este um dos poucos momentos da minha vida literária em que venho falar em público dominado por uma forte vibração de espírito. Quantas vezes somos levados a falar, deslocados do ambiente por força dos circunstâncias que nos são impostas pelas conveniências sociais? Quantas vezes .a sociedade exigente e veludosa nos leva, torcendo a pureza dos sentimentos íntimos, a enaltecer e elogiar mediocridades que se alteiam, sem impulsão própria, pelo dinamismo de uma chance gerada de surprezas ocasionais? O mandato que me ortorgou esta Academia, da qual ora me deso– brigo, é para mim uma missão feliz , em que me sinto, ao natural, s~m receio de atentar contra a consciência própria ou contra a boa fe a paciência alheia . Alegro-me de estar nesta tribuna sem coação moral ou intelec– tual, no cumprimento de um dever academico neste recinto livre, escampo de fantasias, e iluminado de espíritos cultos . A Academia Paraense de Letras recebe hoje o novo confrade Apo- linário Moreira, notável orador e primoroso homem de letras. . Foi para receber nesta casa Apolinário Moreira, o maior, o ma~s espontaneo, o mais fecundo, o mais popular, o mais atraente, o mais fidalgo, o mais sutil, o mais leve, o mais carinhoso dos oradores par.a– enses, que galguei esta tribuna sem o constrangimento, repito, de~– locante de melindrar a minha consciência, pela ausência de mereci– mento literário do homenageado. Apolinário não é o verbo futil dos fátuos que só fulguram ao ser– viço das banalidades literárias, sem fundo educacional ou evange– lizador . Honra-se a APL neste ato em que incorpora. em seu quadro social o espirito privilegiado de Apolinário M-0reira, cuja palavra rútila t~m a s cores do arco iris, na pintura intelectual de seus surtos oratonos e a tonalidade puçangueira do canto fascinante do uirapurú. - 147 -

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