Revista da Academia Paraense de Letras 1961

ranos daqueles dias e noites vividos e evocados em o "Livro de Nugas", de Jaques Rôla . Não obstante e sua basilar cultura clássica e purista, desde -a sua fascinante oratória, quer política ou literária, vasada em termo., cte opulência e rebuscamentos verbais, Severino Silva não se fechava numa "torre de marfim", tão ao gosto dos tabús veneraveis. No apogeu merecido, de sua personalidade impar, sempre se com– portou como um gregario da cultura, recebendo no seu "conv vio de Platão", os moços que surgiam nas letras da província, como sucedeu com a equipe de Peregrino Junior, com Lucidio Freitas, Andrade Queiroz, Osvaldo Orico. Encontrando-se no exercício do cargo de diretor da Biblioteca e Arquivo Público, quando a n0$a geração, a 15 de Setembro de 1923, lançou a revista BELÉM .NOVA, .a acolhida de Severino Silva á in1- ciativa, nos estimulou sobremaneira, porque, num atestado de que ele não er.a um beneditino enclausurado e glorificado, escreveu o PóRTICO do primeiro número da revista, onde firmou estes conceitos que representaram a nossa bandeira: "M;eus cordi-ais companheiros! As rãs .de Aristophanes entram, já, de coaxar no paul de sua maledicenci-a; os zoilos atordoam o es– paço com o ganido da inveja infeliz; quadrupedes preciosos, de ore– lhas empinadas e patas potentes, nitrem o seu rincho desesperado e desabalam em carreira louca . . . "Mas, vós não vos detereis. . . Para a frente e para cima! E, como Tyrteu, obscuro e feio, com a sua musa alcandorada e amiga, inspi– rou simpatia e heroísmo aos espartanos belazes, vós despertareis os poetas silenciosos e prosadores enervados, para vos ajudarem. . . E 'recebereis louvores e bençãos de todas as almas em que vasastes o filtro precioso da Poesia e da Ilusão,.. Como assinalou Eustaquio de Azevedo, na LITERATURA PARA– ENSE, Severino Silva, na sua formação estetica e extraordinário poder de auto-critica, sincero com o seu principio de independência da cultura, não ficou intenso áo movimento libertário das letras, irrom– pjdo desde 1910, om a renovação dos "moldes da velha poetica". Privando da intimidade de Raul Bopp, de Mário de Andrade, de Cassiano Ricardo, de Jorge de Lima, alguns pessoalmente, outros, por meio de correspondência, Severino Silva não refugou, nem me,mo o "movimento antropofágico", encorporando-se, em memoraveis ter– tí1lias e artigos de jornais, aos que seguiam os princípios estéticos enunciados pelo academlco Graça Aranha. A quando de suas intelectuais atividades no Pará, reuniu em livro uma série de trabalhos literários, sob o título geral de "Senhores e Escravos", edição da Livrari-a. Classica (J. B . dos Santos Belém) co1:1rerência que reallzou no Clube Iracema, de Fortaleza: em Ja~ ne1ro de 1924. Do thdlce desse volume constam trabalhos de complexa respon– sabilidade cultural e erudita, traçando perfis de vultos notáveis como Camilo, Gôngora, Péricles Morais, apologist,a e crítico, suborc:Únados ao substitutos - CIVILIZAÇAO DELIRANTE e AS REFLEXÕES DO MESTRE, onde, além de uma douta filosofia da Arte, encontram-se estvdos de sociologia, de pedagogi-a, de economia política, de litera– tura universal. · K'o campo florido da poesla, que era o seu "Jardim de Academus" já radicado no Rio de Janeiro, sem embargo das funções na ordem'. política e social que exercia, Severino Silva publicou "As Sombras do Caminho", edição Pongetti, quando não esqueceu o seu modesto admi– rador, com este oferecimento, num exemplar: "Grandes poeta e amigo aceite esta lembrança do velho e pobre poeta, Severino Silva - RiÓ 9-12-946" . - 142 - . .. )ir

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