Revista da Academia Paraense de Letras 1961
.. Severino Silva, Cultura Onímoda Bruno de Menezes No mês de janeiro de 1958. num telegrama lacônico, a imprensa belem.ense deu curso a um idêntico despacho, divulgado no Rio, no– ticiando o falecimento, naquela capital, de Severino Silva, harmo– niosa cultura onímoda, que se alicerçou nas lides intelectuais, litero– poeticas, jornalisticas, parlamentares, educacionais, evangelicas, do ;Magistério público e da administração, no Pará. Depois de perlustrar, com o brilho de sua cultura, todos estes horizontes do saber, tendo atuação marcante no periodismo amazô– nico, na tribuna política, na educação secundária, na literatura re– gional, na poesia neo-classica, Severino Silva, investido das funções de pastor sectario do protestantismo transferiu sua residência para o Distrito Federal, no exercício do seu ministério, consorciàdo com a senhora Debora Jassé . Viera do Rio Grande do Norte, fixando-se em Belém, "moço ain– da, e, após notável tirocinio, obteve o diploma de bacharel, pela Fa– culdade de Direito deste Estado", militando, então, na imprensa diária, como redator da "Folha do Norte", do "Republica", distinguin– do as revistas !iterarias dessa época com as suas produções de supe– rior substancia cultural . Situado como um do.s consagrados cultores da Poesia de fatura lirlco-parnasi.ana, simbolista, não obstante a erudição concepcional de seus poemas, em "concurso literário, realizado em 1910, no Pará, deram-lhe o título de "Príncipe dos Poetas Paraenses", da geração de 1910-1920, período esse em que participou do historico movimento d-a Associação de Imprensa do Pará, fundada a 24 de Novembro de 1912, com os antigos elementos do extinto "Círculo dos Reporteres" : Foi um cíclo de atividade que assinalou intensa agitação nos cen– tros culturais do Estado, com a realização de brilhantes comemora– ções civicas e patrioticas, havendo Severino Silva S!do um cfos presi– dentes da Associação, de Imprensa, á qual prestou "inestimaveis se r– viços o jornalista José Santos, da "Folha do N:: rte", e outros denoda– dos companhei·ros . Por a t o do Gcvêrno e de acôrdo ·com a Lei votada pelo Congresso do Est.3.~o. em 1912, a A. I. P. mereceu ser conside– rada de utilidade pública". Conversador a dmirável e culto, preocupado com a pureza do idioma, temperamento inclin.ado ás satisfações da vida, Severino Silva credenciou-se como um dos integrantes da "boêmia dourada" de seu tempo, com Eustaquio de Azevedo na vanguarda, qm:1.ndo Be– lém era uma formosa cidade de mosqueteiro.s das letras e ·a e perso.. nagens de Murger, contando-se no seus grupos Tito Fr.anco de Al– meida, Albano Vieira, amigo intimo do poeta, João Alfredo de Men– donça, Franklin Palmeira, José Santos, Batista Moreira, e outros Ci- - Hl -
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