Revista da Academia Paraense de Letras 1961

formou-se professor na Escola Normal. Conseguiu nomeação par~ uma cadeira vaga numa escola de Marapanim . Veiu para Belém, após, e empregou-se como revisor e depois como redator do jornal FOLHA DO NORTE, que de pouco, havia sido fundado pelo Dr . Enéas Martins . A seguir a Acrisio Mota e a João de Deus do Rego assumiu ali, o cargo de Secretário da Redação, onde curtiu muitos anos. Durante esse tempo, devido a sua pena virulenta levou anos sem sair de casa, ameaçado pelos capangas da política situacionista . Um dia Enéas Martins sentindo as cousas mal paradas, disse para os seus companheiros de Partido: "Vou alí e já volto" . E foi cantar iioUtra freguezía. Cipriano Santos adquiriu o jornal, o qual serviria para manter, lembrado na Política do Estado o nome do Dr . Lauro Sodré, um ho– mem que teve amigos abnegados, pela sua distinção e imensa sedução pessoal. Devido as suas brilhantes campanhas contra o Lemismo, e á política de Enéas, já como governador, que queria entregar a política paraense nas mãos do General Pinheiro Machado, o prestigio da Folha conseguiu grande repercussão no país . O material do jorna'l éra gasto e· antiquado, mas o riome valia tudo . Estando ·no Govêrno do Estado o Dr . Souza Castro, Cipriano Santos que é quem o tinha lançado na política, tinha veleidades de ser candidato ao cargo de governador. E para isso, tratou de se des-: cartar da FOLHA DO NORTE, pois a Constituição da República proibia que os chefes de Estado possuissem jornais. · ; Cipriano ofereceu a Maranhão: "Compadre você quer ficar com a FOLHA? Paulo Maranhão fez um sorriso amargJ , e respondeu pela negativa. "Com que roupa", pensou consigo o grande panfletario . Mas a noticia chegou aos ouvidos de José Júlio de Andrade, um dos potentados na finança regional e amigo da Redação. "Eu com a Folh-a, e o Miaranhão lá dentro, dentro em pouco serei o airetor da política paraense" . Porque José Júlio tinha sido Senador Estadual, e era riquíssimo. E foi com o secretário da FOLHA e o encorajou. Disse-lhe que lhe emprestaria a quantia necessária por um -ano, e se Maranhão o em– bolsasse dentro desse prazo seria o proprietário. Se não, ele José Júlio ficaria como comanditario e diretor político . A sua esperança é que Maranhão não tinha onde ir buscar o dinheiro, para indeniza-lo no tempo marcado . O Secretário depois de muito meditar, aceitou. Iria ficar com grande sacrifício, com uma empresa que fôra valorizada pelo seu tra-· balho, com risco.de sua própria vida. E no fim de um ano devolvía a José Júlio o seu capital e juros . Porque milagre? Começou com a reforma de todo material da FOLHA . Com crédito adquiriu linotipos "Margenthal", e o grande prelo "Marinone", man- . dado vir de Paris. E acabou por ccmprar e demolir o velho e ca run– choso prédio de sobrado, para no seu lugar edificar um novo, de ci– mento armado, com portões de ferro eletrizaveis, contra os quais ca– pangas armados de rifles e fuzil nada puderam fazer . Realmente, a transformação teve início com a febre de transfor– mação do matutino, por meio de Sorteio de casas, e Concursos de Beleza . E a FOLHA DO :r-..--ORTE unicamente, pela vontade de um homem pobre, desde aí, galhardamente, se alçapremou como a própria voz da Pátria, ecoando sonóra, na imensidade da Planície Amazônica . .. - 140 - j

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