Revista da Academia Paraense de Letras 1961

lato intelectual, se tanto fosse necessano. Defendía dos esbulhos e das injustiças humildes partículas da sociedade . E privava-se com essas atitudes, de favores nababescos que essas autoridades concede– riam a outro ergam influente da Imprensa, que fosse mais compla– cente e acomadaticio. Tornou-se assim, o seu matutino, um elemento de publicidade, de que faz uso a comunhão regional para imprecar justiça e estar ao par das atualidades mundiais . Mas há ainda um outro lado por onde ele exerce a sua função beneficiadora: á na formação dos 1n telectuais da terra. Quasi se póde dizer, que muitas gerações dos homens de letras do Pará subiram os degraus do Partenon levados pela FOLHA DO NORTE. Ela tem sido assim a grande escola literária da região, agindo como orientadora e estimuladora da intelectualidade paraense, e cooperando com o govêrno na criação das elites do Saber. A FOLHA DO NORTE é a grande arena o~de se exibem inume– ros talentos nascentes, e a sua ação tem sido por isso, indiscutivel– mente, civilizadora ... Há tempos publiquei um artigo n' "A Província do Pará", tra– tanto da impropriedade de alguns nomes das ruas de Belém . E nessa ocasião lembr-: :i.va que se devia dar o nome de "Ave– nida Paulo Maranhão" á Avenida Padre Eutiquio, ex-São Mateus, por ser este título de pouca expressão local. Em lugar disso, a grande atuação do Diretor das FOLHAS na nossa terra tem sido notabilissima. E justifico plenamente a minha asserção, lembrando que só a existência da sua presença na vida do Pará tem mantido aquela tra– dição cabana cheia de honra e de orgulho, que ainda ho.j e enobrece– os habitantes da Amazônia. Só a sua permanência na luta pelas idéas democraticas e o quilate da sua mentalidade como o maior jornalista do Brasil, bastam para encher de glória e de prestigio uma região, que em verdade se diga, tem sido mof-ina em fornecer varões, aos certames d-1 intelectualidade nacional . Assim, só a nomenclatura de uma rua não bastaria para essa homenagem. Pelo significado de paradigma da raça nas qualidades que o Pa– raense tem de viril e de mais nobre, Paulo Maranhão merece bem uma estatua que relembre aos que a virem, a existência de uma gran– de vida, que foi nobremente altiva, toda cheia de ação proficua e profundamente honrada, sem nada que lhe macúle o brilho. ' O Democracía, apesar do seu esplendor de fachada dá margem pelo seu espirita de tolerância e idealismo, a que os rat~s da politic~ abusem da sua pureza e das suas virtudes . Pois, é verda'de que ela tem uma estrutura majestosa, mas sem nenhuma defesa contra os piratas. E só por anomalia ainda não tivemos a Paulo Maranhão na go– vernança do Estado, ou na função vitalicia como Rui Barbosa de Se- nador da República. ' _ N~ democracia brasileira, quasi sempre, por um paradoxo notável, na? _sao os ~omens de valor inc?ntes~avel que vencem, mas os de re– quisitos duvidosos. Porque os mdiv1duos de merecimento real são sempre orgulhosos, desdenham da mendic-::i.ncia do voto dos acôrdos e conchavos, e confiam na clarividência do eleitorado. ' Mas os outros, os de refletores de estanho, movem ceus e terras para abocan~are1:1 _o voto eletivo; e conseguem . . T1;1do devido a mcultura do n~so povo, que, ou é comprado com dmheiros esconsos, ou vai atraz da cantiga dos falsos ídolos .. - 138 - J ..

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