Revista da Academia Paraense de Letras 1961

... - .. Paulo Maranhão ( Estudo social ) MURILO :MENEZES Ocupante da Cadeira 13: "Dom Romualdo de Seixas". EM MUITAS coletividades humanas como por exemplo Belém, surgem ás vezes indivíduos que inauguram na sua vida publica suas exquisitisses e excentricidades . Diferem eles da maioria, é verdade, mas encarnam justamente, o que estas mais precisam: coragem, abnegação e destemor pelo sacrifício. As gerações, .aliás, não são predigas em produzir essas figuras que se impõem aos seus conterraneos, como os homens fortes, que sabem cumprir e compreender as aspirações populares . Ainda há pouco, teve o Brasil de assinalar na sua politica o fe– nomeno Jânio Quadros. No nosso caso temos um desses exemplos consubstanciado na pessôa do atual Diretor d-as FOLHAS, o qual, n asceu de origem humil– de, de família de pequenos recursos, tendo sido artezão de serralhe– ria, chamando no entanto a atenção sôbre a su.a pessôa, por ser um tipo diferente, de serenas energías . Pois, tendo um decidido pendor literário, fez-se intelectual, adotando a profissão do jornalismo . Pa ra isso fez curso na Escola Normal, uma vez que naquelas éras o Pa-rá não possuía nenhuma Faculdade de ensino superior. Ora, como se sabe, os indivíduos aventureiros, de algum talento, que enxergam diante dos olhos uma brecha para a vida pública, tal como a vida nas redações, tornam-se egoístas, espertos, venaes, não tendo escrupulos em se transformarem em autenticas cavalheiros de indústria . Tudo, porque a ambição lhes apaga o ideal e a vergonha. E os homens de imprensa são comumente atr.aidos por essa cor– nucopia que é a politica, onde tão bem podem colher cargos e influ– ência social . Certa vez, M;ussoline dizia a Emil Ludwig, que o fôra entrevistar: "Atualmente, os jorna is servem a interesses e não a ideas ; pelo menos na maior parte. Como há de educar mo·ralmente, o que eles escrevem?" Pergunta Ludwig : "E pode o chefe de um país, sem liberdade de imprensa, prescru– tar, e sobretudo, .averiguar a opinião geral dos seus concidadãos?'' Mussoline responde : "Em qualquer pa ís a verdade está sempre no fundo de um poço. Contesto, porém, que a operação seja facilitada pela liberdade 'Cle imprensa, ainda que esta fosse de fato , independente . E nos tempos presentes, os jornais só obedecem a grupos de interesses políticos e financeiros" . - 135 -

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