Revista da Academia Paraense de Letras 1961
musicista espanhol Mendo Luna composto interessantes nú– meros musicais para o entrecho. Figura conhecida nos meios acadêmicos, Mendo Luna - que além de músico, era autor, ator e diretor de conjuntos regionais - reuniu um grupo jo– vem e entusiasta. Paulo Castro, colaborador de Tavernard, era também figura conhecida nos meios te~trais de Belém, onde vinha militando como autor e ator, trabalhando nos mais populares elencos de teatro regional, inclusive com Carlos Campos, Eduardo Nunes. Cantuária, Edilberto Domont e ou– tros. A peça foi representada no Palace Teatro no dia 28 de março de 1931, tendo como intérprete os amadores Lili Tor– reão, Alberto Castanheira, Lobão da Silveira, Fernando de Castro, Garcia e outros . Mais tarde, ainda por iniciativa dos acadêmicos de direito, foram representadas as revistas: "Se– r ingadela", e "Paratí". Antônio Tavernard escreveu ainda, a comédia "A Casa da Viúva Costa" e a revista "Que Tarde!", também encenadas por atores regionais. O estudo do teatro de Antônio Tavernard oferece um dos mais curiosos aspectos de sua literatura. Sabendo jogar o diá– logo, com clareza e precisão, arrumar cenas e entreter, com habilidade, o fio da meada, numa expressão popular, conse– guiu realizar um teat ro que , se não é superior à sua poesia, está bem acima do nível literário das peças de autores re– gionais. Sensível a todos os apelos da literatura, e atraído pela forma de comunicação coi:n o povo mais direta, logrou estabe– lecer perfeito equilíbrio ent re seu sentiment o e as exigências naturais do público . Suas revistas e comédias estão assim no · mesmo nível das de Alberto Martins, o mais not ável criador do teatro r egional, e são, como obras de arte, bastante supe– riores às do popularíssimo Elmano de Queiroz . Tavernard te– ve, como vantagem, sôbre êsses dois autores, a imaginação, a idéia, o acabado de seus diálogos bem feitos, vivos, interessan– t P.s, imaginosos, muito embora se possa conceder a Alberto Martins o perfeito conhecimento do métier, uma agilidade impressionante de fixar, numa sucessão bem engendrada ti– pos e costumes regionais, e a Elmano de Queiroz o sabor' in– confundível da linguagem cabocla, que o tornou querido do grande público. DIALOGOS COM JOÃO E JESUS O pai de Antônio Tavernard. como assinalamos anterior– mente, foi autor teatral conhecido nos meios literários do Pará, onde se dest acou como libretista e autor de peças para grupos de pastorinhas e outros ~êneros, tendo sido represen– tadas , de sua autoria, entre outras revistas de costumes re– gionais, o drama-sacro intitulado "Calvário de Sangue", ence- - 124 -
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