Revista da Academia Paraense de Letras 1961

r I"" ... • t~ pela impossibilidade de p-z:aticá-la, idealizou o seu amor e fêz dessa imagem objeto ae agressão genital: Puberdade do tempo, a primavera deixa a terra mulher ... Primavera da vida, a puberdade deixa a mulher em flôr ... Chega o verão, dá-se a posse definitiva! Um mundo lembra um leito que se agita . .. No sussurro do vento há soluços de amor! ... " Sente-se, néste fragmento do poema "Germinal", incluído em MÍSTICOS e BARBAROS, a sexualização da natureza e nela a transferência, sublimada, dos seus próprios impulsos copulativos, frustrados. Não esconde o poeta ao in– térprete de sua personalidade. Revela-se, por intei– re, constante, obsedantemente, ora .com maior, ora com menor intensidade. O sonêto que se segue, não publicado no citado livro, é mais um exemplo dessa perplexidade afetiva, da incerteza em que se debatia, o sim-e-não doloroso, espêlho de recalque, dissimulação dos seus desejos: "Para que?" "Um dia hás de :,aber! .. . Mas, então será tarde, será tarde demais para poder voltar, e fazer esquecer, e num gesto, apagar todo o horror que ficou de um minuto covarde . Terás pena, talvez. . . E que essa pena guarde, sem te fazer sofrer, sem te fazer chorar, a triste evocação de uma longínqua tarde, em que impossível foi entender, perdoar ... E viverás, também êsse torpor sombrio dos crepúsculos que, como o meu, sentem frio, têm saudade do sol, e não querem morrer! . .. Um dia, saberás! ... Mas, para que? ... A Dôr, se traz a redenção, não ressuscita o amor .. . Assim, hei de calar. . . Ficarás sem saber! ... " Tôda essa angústia e essa febre não se contêm. Indeciso, sim-e-não, o poeta revela-se cada vez mais possuido de sensa– ções eróticas, que chegam a se colorir com as tonalidades da _;___ 119 _::

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