Revista da Academia Paraense de Letras 1961

foi uma constante que o comoveu nos embates da vida tor– mentosa: "Sou bem fraco, porém, e tu és forte ... Nada te vencerá, há de vencer-me a morte ... Embora! ... Mar morto, água dormida que por mais nada nem de leve ondeia, hei de deixar meus versos pela vida, como tu deixas âmbar pela areia! ... " Aí está, anunciada num sôpro de angústia, a síntese bio– gráfica do poeta. ** A vida dêsse cantor de amarguras e misérias sociais e hu– manas; como bem frisou Georgenor Franco, é uma das mais belas e impressionantes páginas de sofrimento e resignação que o destino escreveu na história do tempo. Sua pena e seu cérebro estiveram sempre a serviço não só da poesia, mas tam– bém da. prosa, da crítica, das grandes causas humanas e dos mais sérios problêmas sociais. No seu livro de contos "Fêmea", publicado em 1930, agitou problêmas que até hoje, no Pará, não tiveram solução plena e satisfatória. O fundo sociológico dêsses contos, n'.1ais tarde ampliado em outras produções que chegou a selecionar para compôr outro livro intitulado "Almas Tropicais" e sobretudo no romance "Os Sacrificados" (que também ficou jnédito) , condensa páginas que nos revelam um conhecedor profundo da psicologia do povo amazônico, nota– damente do homem dos subúrbios de Belém - pois foi sobretu– do cronista urbano, - que Tavernard comparava a "um for– migueiro arrastado pela fome ao trabalho e devolvido do tra– balho com a fome", numa revolta bem sincera. Pugnou, com– batendo e defendendo, profligando se necessário, pedindo a to– dos, especialmente ao chefe da família - êsse "operário bê– bado nas horas vagas", - num apêlo quase patético, que pu– sesse nas mãos dos filhos "o archote de uma cartilha" pois considerava o livro "a única lâmpada de Aladin". ' · _ A imprei:s~. foi n~tur~lmente o veículo ideal para a expân– sao de suas 1de1as e 1dea1s. Portanto, enquanto viveu e pôde escrever ou ditar uma linha, Antônio Tavernard trabalhou in– tensamente. Foi redator-chefe da revista "A Semana" e co– laborou em inúmeros jornais e revistas. Aos 19 anos de idade obtendo o segundo prêmio no CONCURSO DE CONTOS TRA~ GICOS, de âmbito nacional, promovido pela revista "Primei– ra", projetou-se, como contista, na capital do país. O conto premiado, - "Uma Noite Trágica" - foi publicado no n.º 18 (Abril de 1928) da revista dirigida, na época, por Adolpho Ai– sen e A. F. da Costa Júnior. A apresentação do conto con- - 112 - 1 ti

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