Revista da Academia Paraense de Letras 1961
.. '- - .. - das épocas históricas e um esfôrço consciente para salvar, es– piritualmente, o homem. E disso têm os verdadeiros escrito– res lúcida percepção, e é nesses têrmos que se exprime Un– garetti, numa página que merece a meditação atenta de quantos exigem dos literatos adequadas fontes de informação. (ART POÉTIQUE, Ed. Seghers, pág. 543) : "Voilà comment le poête moderne queille de mot en état de crise, le fait avec lui soufrir, en essaie l'intensité, le nisse dans la nuit, blessure par la lu– miêre. C'est pourquoi sa poésie est comme un déchirement charnel qui laisse s'envoler des fleurs de feu et possede une lucidité crue qui, dans un vertige fait monter l'expression vers l'infini déta– chement des songes; et c'est pourquoi ses mot sont mus par la nécessité d'arracher a la réalité son masque et de rendre à la nature sa majesté tragi– que: voilá dane pourquoi un poête est un homme de son temps". Poucas linhas antes, tinha êle afirmado que o poeta mo– derno participou dos acontecimentos mais terríveis da His– iória e sentiu, intensamente, o horror e a verdade da morte. Seria, com efeito,. impossível encontrar autenticidade numa literatura que se recusasse a essa perigosa e dramática par– ticipação. Porquanto é dessa participação, íntima e profun– da, que (Provém a energia e o vigor da expressão literária. E' evidente que podemos encontrar, dentro desta, uma gama infindável de variações e dosagens diferentes de vivência epocal. Mas estas variedades estão longe de significar uma altern_âncin. com a omissão ou recesso na problemática do tempo: exprimem apenas a variedade das tendências e das vocações individuais; umas, ·mais condicionadas ao provisó– rio e ao imediato, são por isso mesmo mais angustiadas e pa– téticas, e contribuem vigorosamente para modificar situações históricas, como foi o caso· tíipico, nesse aspecto, do The Un– cle Tom's Cabin . Outras, de menor temporalidade, carregam maior densidade de comprometimento com os problemas eter– nos do homem e procuram responder ao permanente estado de choque da própria natureza humana. De qualquer forma, literatura é compromisso, e não é outra a tese de Raul H. Castagnino, no capítulo VI de seu ensaio "QUE ES LITERATURA?" (Editorial Nova, Buenos Aires, pág. 81 ss.). Depois de proclamar, na literatura, uma completa negação do escapismo, repete aquela pertinente ob– servação de Guillermo Torre a propósito da conceituação de - 97 -
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