Quero - 1944

Postulados filosóficos ( Continuaçdo da pagina 6 1 profunda. poi s bem sabemos que a natureza do homem e da sociedade tornam todo aper– feiçoamento precário e acidentado, com altos e baixos, avanços e retrocessos. O segundo destino possível é a fixação, isto é, a indife– rênça, a mediocridade, a vida vivida por viver. E' o destino da maioria, sempre que os ho– mens de responsabilidade não proclamam a verdadeira natureza do homem , que é aperfei– çoar-se constantemente, e da sociedade, que é permiti r a realização desse aperfeiçoamento. O terceiro destino possível é a degraduçiio so– cial, isto é, a descida da encosta, a corrupção da personalidade pelo vício ou pela miséria, ou seja, por culpa dos própri•)S homens ou por culpa dos outros homens. Pois os males socias ou provêm de nossa culpa individual ou das leis e instituições erradas ou mal di– rigidas, segundo as exigências do Bem comum e das finalidades sociais. Subindo, como de– vem, deixando-se vegetar, sem estímulos ou decaindo-o homem mostra sempre, pela sua própria vida, que a sociedade é uma hierarquia de valores e que a elevação constante, sob pe na de uma corrupção pela mediocridade ou de uma decadência pela desclassificação repre– sentam consequências diretas do postulado teocêntrico-reconhecido ou desconhecido. 4) A quarta consequência é o reconhe– cimento de um destino eterno, de uma finali– dade supra-terrena, à qual tudo está subordi– nado, em última análise. Não é no tempo que realizamos o nosso destino verdadeiro. Mas esse destino verdadeiro não é um mito. É uma realidade. A mais perfeita das realidades. Deus é o nosso destino, como é a nossa ongem, ensina-nos esse primeiro postulado socioló– gico. Fora dele tudo é relativo. Aliás tudo é relativo a Ele. Na medida em que as nossas ações individuais e sociais tendem a fsse des– tino serào ações de valor positivo. Na me- 12 J. F. e. B. Belém-Parã-Brasil dida em que nos afastamos dêsse destino final terão valor negativo. Há pois urn valor de ver~ dade que governa todos os demais valores inclusive os que mais tocam o fundo da naturez~ humana, como a Liberdade e a Razão. A Liber– dade do homem é para Deus, como a Razão hu– mana é para Deus. Fora daí tudo foge à ordem intrínseca dos valores, em que tudo está disposto. E sempre que o homem altera uma ordem natu– ral d~ valores-como quando sai por uma ja– nela Jul gando ser uma porta e cai no vasio– está sacrificando a sua vida e o seu destino. 5) Temos, finalmente, como derradeira consequência, entre as que aqui enumernmos do axioma primeiro d~ uma sociologia teo~ cêntrica-a do reco nhecimento de uma Provi– dência continua, que constitue a lei eterna, su– perior às próprias leis naturais. Um criador desinteressado de suas criaturas e de suas criações seria uma contradição consigo mesmo. A consequência social de uma tal concepção imperfeita de Deus-é o panteísmo, tal como · existe entre os maometanos e const itue um dado fundamenfal de civilização árabe. Um criador – interessJdo por suas criaturas e cuja onipotência continua a governar, por meio dcss causas segun– das, tôda a sua criação , inclu sive as var iadís– simas espécies de sociedades-traz como con– sequência social, um providencialismo, que é urn dos dados capitais para a compreensão do que seja urna civilização cristã e do que seja uma ci– vilização não-cristã. Sempre que as civilizações rej~itam ou desconhecem a existe11ci11 de uma Providência Divina, em cujo plano total e so– brenatural estão contidos todos os planos pura– mente humanos dos chefes políticos ou dos Re– gimes terrenos, podrmos ter a ce rteza de estar em face de uma civilização não cristã, mesmo quando se atribue o título de cristã. Eis aí as principais consequências que jul– gamos estar contidas dentro do primeiro postu– lado social que examinamos- o da existência de Deus. Da próxima vez examinaremos o segundo postulado social - o da imortoliJade d.a dlma.

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