Quero - 1944

l _ <1uero 5 J. F. C. B. Belém-Pará-Brasil Os postulados filosóficos JUee.u ~o. :l !i.ma Dizíamos, da última vez, que o primeiro postulado de uma filosofia social cristã, era a existência de Deus, assim como o primeiro postulaào, explír.ito ou, como geralmente su– cede, apenas implicito, de tôda filosofia social puramente naturalista, é negar ou pelo menos não levar t>m conta a existência de urna ordem sobrenatu ra 1. O problema da existência de Deus, como postulado de qualquer filosofia social cristã ' não se apresenta a nós como um problema _de ordem teológica ou filosóíica e sim como um problema de ordem estritamente socioló– gica. Quer dizer que· não é o problema reli– gioso em si que nos interessa e sim as suas consequências sociais. Os motivos de aceitar ou não ~sse postulado não interessam à filo– sofia social. Sucede com a sociologia algo de semelhante ao que se dá com a geometria. Pode;11os construir diferentes geometrias, se– gundo os axiomas primeiros de que partimos. Assim també111 podemos construir várias es– pécies de filosofia-social, segundo os axiomas de que partimos. E' êsse mesmo o motivo da impossibilidade de uma unanimidade nêsse terreno. Os motivos, da aceitaçã o 011 da rejei– ção desses axiomas básicos, não constituem objeto da ci ência soci al e sim de outras ciên – cias, como sejam -a filosofia 011 a teodicéia . E' no estudo das causas últimas dos seres que se debatem os problemas da existênci a ou não de um princípio absoluto e pessoa l de tôda a cri açã o. Em sociol ogia nos limitamos a aceitar ou a rejeitar alguns pos tu lados fun– damenta i s, dêl es ti rando então as con sequên– cias que interessam à nossa ci ência. E' 0 mé– todo da div isão do tra ba lho, único razoavel não só em economia po litica, mas ainda en~ todo t raba lho científico. E' por um dever pre- 3.ª Aula liminar e indispensavel de eficiência científica e de lealdade moral que, se quizermos fazer filosofia social e não apenas sociologia prátiéa imediata ou puramente estatística, devemos declarar de início se aceitamos ou rejeitamos tais postulados. Ou pelo menos esclarecer quais os axiomas filosóficos de que partimos. Pois hã sempre esses axiomas, queiram ou não con– fes!3á-lo. Como dizia Aristóteles, na autora do pensamento ocidental,-o simples fato de pre– tender afirmar a inexistência da metafísica já é um meio de fazer melafísica, também o sim– ples fato de pretender fazer Sociologia, decla– rando preliminarmente que não se deve levar em conta ou tomar conhecimento de qualquer postulado implícito ou explícito, já é um pos– tulado. Peço desculpas de insistir tanto neste ponto. Mas é por experiência própria . de lon– gos anos, que sei quanto as inteligências mo~ dernas foram impregnadas de natural i smo ou agnosticismo sociológicos, sem se dar conta que o foram, de mod o que. em matéria de fil oso– fia social, mais que em outra qualquer, é pre– ciso aplicar sempre a famosa sentença de Ma– rita :n " distinguer pour unir" . E' preciso sepa– rar para unir. E' preciso mostrar os fund a– mentos em que divergimos para poder com– preender e, se possivel então, elimina r as con– t radições que separam os homens e l evam os povos às rev oluções e às guerras . Vej amos, pois, hoj e e nas aulas próxi– mas, em li nhas gera i s; as consequências socio– l og icas dos post ulados de que partem, tanto as f-ilosofias soc iais autenticamente sohrcnatu– ralislas, como as que confessam ou não o seu materialismo. O orimeiro axioma que vamos examina r, como d~ iníc io o dissemos, é o da existência de Deus . Cinco são, a nosso ver, as conse-

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