Quero - 1944

• quero conforme as necessidades : ora as semelhavam– -se a uma ordem encarregada do ensino, fun– dando escola s; ora pareciam cuidar mais do progresso espiritual, desbravando e cultivando as terras; ora dedicavam-se às obras da Ca– ridade, zelando pelos enfêrmos, distribuindo esmolas e acolhendo os peregrinos; enf;m, em todos os sectores da atividade humana em que se manifesta o zêlo apostólico da Igreja, aí es– teve o monge no exercício da sua missão. Ass:m, não será sem dificuldades que tentaremos caracterizar a Ordem Beneditina . Para is so teremos que usar frequentemente uma linguagem ~em sentido para os primeiros séculos de sua vida . Como observa muito bem D. Thornaz Graf (em um pequeno livro - "A vida Beneditina"- que deve ser lido por todo aquele que quer ter uma idea deste ass·unto), "naquela época ninguem se teria lembrado de falar em piedade, arte e estilo beneditinos' ' . Porque o qu e os beneditinos possuíam era o patrimônio comum do monaquismo e da Igreja. E, continua o mesmo autor, "mu ita çoisa que é hoje tida por beneditina não era, nos pri– meiros tempos, nem exclusivamente monástica, mas da Igreja em geral". Daremos uma idea mais nítida da nossa dificuldade se form ular– mos a pergunta que inicialmente ocorre ao que busca a caracterização de uma ordem: Para que foi fundada? qual o fim a que se propõe? A resposta a essa pergunta daria certamente o traço fundamental de uma ordem moderna. Em relação aos beneditinos entretanto não se ~a r~ o mesmo. Pois se dissermos que o seu ftm e Deus, não diremos nada de próprio - Deus é o fim primeiro, sumo e último de qualquer ordem. Se procurarmos o fim particular e ime– diato isto é se quist:rmos investigar se se trata' de uma' ordem que tem por fim ;is mis– sões o ensino ou as obras de caridade, tere– mos' que respond er que a Ordem Beneditina não tem fim. Tal resposta pode parecer estra– nha · ela contudo nada mais significa do que · Já fi~ou dito acima: o monaquismo beneditinó não tem uma finalidade prática imediata , mas está aberto a tôdas as atividades Jo aposto– lado cristão . Assim , esse elemento aparen!e– mente negativo nos revela uma das carac!e_ns – ticas fundamentais do monaquismo bened1t1110: "Uma abadia beneditina tem em si mesma a sua razão de existir e não precisa justificar a sua existência com uma tarefa exterior. Ela pode 2 J. F. C. B. Belém-Pará-Brasil dedicar-se a um trabalho externo ... mas isso nunca se tornará um elemeiito constitutivo de sua estrutura espiritua l e ficará sendo sempre algo de exterior, de acid~ntal, de secundário, que pode ser mudado ou voluntariamente re– geitado . Uma abadia permanecerá sempre e em primeiro lu gar uma "Schola Divini Servitii .. ." ( D. Thomaz Graf o. e.). Noutras palavras o beneditino é antes de tudo e essencialmente monge. Consequentemente sua única atividade necesssária é o Opus Dei, o Serviço Divino . Para isso os monges cenobitas se reunem em família "sob uma Regra e um Abade", O Abade é o Pai, representante no mosteiro da única Paternidade Eterna, Pastor e Mestre das almas; os monges são os filhos e, sob a lei da obediência, os construtores da Comunidade . O Mosteiro assim constituido forma um corpo vivo, capaz de se nutrir e crescer por si mesmo. Por isso entre os mosteiros beneditinos não há a mesma ligação que entre as diversas casas de uma outra ordem. Os mosteiros são independentes entre si, cada um recebe os seus noviços e forma os seus monges, que, por sua vez, são estaveis, isto é, pertencem por voto a uma família monástica. Não há, portanto, na vida beneditina a centralização administra– tiva observada nas demais ordens . Desse modo, o monaquismo beneditino procura realizar em cada célula da Igrej a, que repete na sua vida o carater orgânico e hierárquico da grande Co– munidade universal. Dessa estrutura básica derivam outros cameteres : Ant_es de tud o, notar-se-á uma preocupa– ção (med~ata _com o esse ncial na vida religiosa. A L1turg1a, tit o é, aquele conjunto de ritos e cerimónias que une Ot!uS ao homem e o ho– mem a Deus é o centro de sua vida. A s ua oracJu~ é a or_ação u!ic;a l da Igreja, a oração cano!ll ca e class1ca a qual o beneditino con– fere uma primazia, não s<'> teórica mas de ma– neira pr:.í1ica e efectiva, dando-Ih~ o maior ex– ple1~dor e ~ preemin~ncia sôbre qualq11er de– voçao particular, se1a ela a mais frutuosa e recomendada . Talvez provenha daí aquilo que se costu111ii chamar de estilo clássico dos be– neditinos: o beneditino reza e trabalha hoje como rezavam e tr~?alhavam um S. Agostinho e seus monges. Altas esse fato contém impll- ( Continua 11a pagirza J O)

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