Quero - 1944

Haj_a apóstolos A máquina marcha e marcha o anima_/. Grande diferença porém se passa entre um e outro . O animal é semoverzte, a má– quina não é. O principio motor do animal é intrínseco, o da máquina é extrínseco. Um tem vida, outro não. Quem vê deslocar-se êsse mecanismo, apa– rentemente sem impulso extranho, pode confun- di-lo com os seres vivos, por não distinguir os atos imanentes dos transeuntes. No ser vivo a energia que o aciona é in– trinseca, 11a máquina, por mais escondida que seja no seu interior, sempre lhe será extrínseca. Trabalhando pelos nossos semelhantes, algumas vez es agimos porque as circunstâncias do mo– mento nos impelem, agimos maquinalmente. Somos acionados, talvez inconcientemente, por uma fôrça extranha à nossa vontade. Essa fôrça não lhe terá suprimido a liberdade, mas êsse modo de agir difere muito do que ha de seguir a vontade generosa no exercício da caridade. Si, no praticar o bem, obedecemos aos estímu– los humanos, assemelhamo-nos às máquinas. Nossa vontade parece perder sua função deter– minante, para se deixar arrastar. Si, ao invés, é nossa vontade inflamada no amor de Deus o impulsor das emprêzas da caridade, então nos tornamos apóstolos. Ésse emprezário do bem realiza grandes cousas porque a essa vontade assim animada nunca falta a graça divina . Tal vontade se dilata em grande genero- sidade e logo se extrema do mecanicismo que se move ao sabor das conveniências humanas . Si vos seduz o ideal do apostolado, as– sentai bem o ponto de partida . É a vossa von– tade vo ltada inteiramente para Deus que ha de impulsionar vossos trabalhos. Como nos seres vivos, no apóstolo é todo intimo o impulso para o bem: a vontade informada pela graça . Agir maquinaímente, no campo sublime da caridade, é um contrasenso. O amor de Deus é vivifi– cante . Os trabalhos que dê/e recebem o impulso trazem o cunho do sobrenatural. Ha pessoas que não vieram a ser pró– priamente autómatos; mas trabalham com tão pouca alma que suas ações parecem nascer não de um princípio intrínseco, mas de solicitações e impulsos ocasionais das cousas e das pessoas circunstantes. O bem que objetivamente se pra– tique, dessa forma, em nada se parecerá com os empreendimentos apostólicos. Precisamos mais do que nunca de após– to los para as emprêzas de Deus. O que quer dizer - precisamos de almas impreg~adas do amor a Jesus Cristo. Haja almas assinz apare– lhadas e hão de pulular as iniciativas do bem, os cometimentos heroicos pela salvaçtio dos nossos irmãos que aguardam quem os mergu– lhe nas águas da piscinn de Betsaida . ' Palmeiras-Agosto - J 9,U . t 9lntonio 91. af ustosa

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