Quero - 1944

I <-1 ~ e r O 4 !~,é~~Par;_-Bra:.; ~;;=v-,;;~....- • tabernãculos . C omo a~ espécies eucarfsti– cas permanecem, depo is do , ato que as consagra, como símbolo do alimento es– piritual qae contêm, assim tarnbem a vida comum dos esposos cristãos , manifestação sens ível do li ame que os une, permanece como o símbolo da união indissoluvel de C risto e da Igreja que ela copiá.'Y Como sacramento , confere a graça . Não só no momento das palavras do con– sentimento mútuo aos pés do altar de Deus, mas conserva a sua misteriosa virtualidade para comun ica- la durante tôda a vida, principalmen te nas horas de luta e sacri– fício. Essa graça fo rtifica e transfigura o amor na tural. Este amor prende-se em geral a coisas efêmeras que o tempo , ter_, rivel devastador, vai an ulan do dia a di a. São os coloridos das faces que se apagc:1 m, são rugas precipitadas que vincaní a fronte outrora assetinada e majestosa, são os lá– bios que se contraem ao ,-,rictus das desi– lusões, são os cabelos que se descaram ao contacto ,, da mão fria dos invernos, são os brilhos dos olhos que se despem da primeira fascinação ... E que seria do amor, se a graça não o retemperasse, não o fizesse compreender que a perfeição só estã no ceu; que é preciso amar alguma coisa imor– tal que está nas sombras dessas visibilida– des tão frageis e passageiras; que é mister amar aquela a quem se fez uma promessa de eternidade, porque Deus assistiu àquela promessa e preside à mesma união con– tinuada . E' a gra'ça que fortalece êsse vínculõ, que vigia para que êsse primeiro _amor não esfrie na indiferença e no desprêzo, mas se integre na· mais santa e profunda ami– zade. E' a graça que torna o amor paciente, para que se amoleçam as arest!ls rudes das incompreensões, das irritabilidades, dos ódios que desgraçadamente tentam insi– nuar-se nos corações, dado que o amor desfeito rara~ente fica na indiferença e sempre ·se precipita para o ódio É a graça que torna o amor justo e · misericordioso . Dá ao amor um belo e p{ofundo senso de justiça, para julgar com serenidade os atos da criatura amada, para saber reconhecer o seu valor, a sua dedi– cação,/ para evitar essa insatisfação capri– chosa diante de todos os atos de dedip – ção e amizade da companheira , para evitar que a ternura desprezada não seja obri– gada a exclamar, como muitas vezes acon– tece, naquela frase irritada: "Ah! tambem nada serve! " E o faz misericordioso para criar uma maravilhosa capacidade 'de per– dão. P erdoar deve ser o bálsamo da vida conjugal. E' a grande fôrça que ampara todos os golpes e evita que os dois cod – ções jama is se afastem e 1· amais se separem. -7 Se houvesse nos corações dos côn- juges essa doçura do perdão mútuo pará os pequen inos defe itos e ·pequenos ne rvo– sismos , a vida correria sempre doce e amiga. C omo a " tranquilidade da .superfície tersa de um lago azul", dissera o poeta . E para térmi no dessas considerações desdobremos aqu i as últimas palavra s do Pe. M0nsabré sobre a santidade do Ma– trimônio: "Enfim, a graça santifica os que se casam, desce, ne les, até à font es da vida . _Torna bom, cas to, respe itavel, o que . poderia ·espantar a virtude e enchê- la de desgosto~. Faz procurar no apaziguamento dos sentidos , a grande honra de participar da ação criadora de Deus e de dar a viçfa, o grande dever de povoar a terra de cris– tãos e o ceu de eleitos . Els O matrimô– nio ! Duas vezes honrado com a interven– ção de De us, nas épocas solenes da 'cria– ção e da redenção, êl e se impõe ao nosso respe ito e eu tenho o direito de di zer aos homens: "Não o toqueis, é uma coisa santa! '' Grande é êste sacramento!" I

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