Quero - 1943

G J. F. e. B. ParJ - Brasil Bel~r.i ; ······························································································································~...:•·······••!!,_•••...!, OLHANDO, O ·CEU, . • 1 OLHANDO -O LUAR • • • D EBRUÇADA na janela de seu quarto, Lúcia aprec iava o luar daquela noite de Natal. O ceu estava lindo. Lindo como nunca. Que bom derramar no infinito a sua alma so– nhadora! Sentia-se causada da azáfama do dia. Compras no comérci~, arrumaçáo de casa,. do– ces, comidas; enfim, o grande alvorôço lhe cau– sava agora enorme fadiga, cerfo abatimento. Olhava o ceu, olhava o luar, e imensp ' tristeza lhe invadia o coração. O~! Mas que absurdo sentir tristeza em uma noite dt Natal. Não ouvia a álegria que movime11tava as rt1as? ' Já até repicaram os sinos, na primeira chamada para a Missa do galo. Nada llle faltava. Seu lar encerravél iudo o que se podia desejar para , os festejos daquele dia. Comprara os presen– tes que ia ofertar às pessoas que lhe eram caras. Sabia, por outro laJo, que recebera belas "festas" ele si~us pais e ir111f1os. Q1,1e mais am– bicionava para estar tão ins;itisfeita? . Ollnva o ceu, olhava P luar, e. sem sentir, rnlou uma l,ígrima de seus nlllos. E ess;1 l;i- . grim;i, lágrima ardente como ~, sua alma, caiu sôbre a linda ,pulseira de ret,·1gio que trazia. A claridade <la lua ft'-111 hnlhar. Distra"illa111e11tc. Ltícia viu a l~grima, viu a pulseira e recor– dou o Natal do ano ant eriot Que d1h:n•11\a 1 Como l!óitevc dí ve 1ttdo ! ' E aquele relógio wmo a e11c,111tara, então t ·9J,,laria oé'eonor 9iesketh Delegada Jicista Há 111 êses que o desejava, que o namorava na vitrina da joalharia. Que júbilo ganha-lo na– quele Natal! E agora, ali estava êle, triste e frio, no seu hrac;n. Era seu. Seu. Porém, para que servira durante aquele ano? Para quê? Para marcar o tempo triste de sua vida? Sim; fôra a única utilidade da pulseira . Seu tic-tac até a incomodava: Um ano, um ano! Tic-tac, tic-tac ! Olhava o ceu, olhava o lu ar. Mais uma lágrima, outra lágrillla, e sentido pranto lhe inund ou o rosto. Chorava ainda, quando os sinos da basílica a despertaram num segundo convite para a Missa do galo. Um tanto so– bressaltada, Lúcia le antnu a cahe~a qut! pe– sava no parapeito. Escutou os sinos e pensou em Jesus. Olhava o ceu, olhwa o luar. Era uma noite de Natal. Noite linda como nunca. E quê! até aquele instante não pensara no l\1enino Deus. Era verdade:! Os preparativos em casa, seu vestido 11ov1i, tanta coisa a pensar e a fazer. não•lhe deram tempo Je pensar 110 autor daquela festivid~de Os sinos a dcspertaram. Olhava o ceu, olhava o luar e .lembrou-se de uma histúria que a bo.1 mestra lhe contara 110 colégio. Qut" c.-pct;ículo devia ter sido! ha tanto tem 1, ! Mas, seria possh·el? ! Dois 1 Cowlui na página 12)

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0