Quero - 1943

' 12 J. F. C. B. l!!elém-Pará-Brasil 1111111 1 II 11 1 1111.1 1 11111111.111 1 11 J 1,1 11 1 11 li li 11 llll-l li li l lolllll ll,Jl"l1l ,l.t l il 11111,i 11 1 1 llli,tll111111111111I1,111111 llltl I l 11111111111111,1111tIli11111•1111111 1 1111 ameias, os contornos, os frisos, as linhas estru– turnis, form am um conjunto de surpreendente formosura . E o jovem ou a jovem enamora-se dêle . Só se embebe nas suas formas exteriores. Nunca se preocupou em conhecer o misterioso habitante dêsse castelo prodigioso. Nunca lhe passou pela idéa o desejo de saber qual o sen– timento, quais as qualidades, qual a mental i– dade, qual o temperamento, qual a doçura ou agressividade do dono de tanta beleza. Mas um dia, quando vós vos familiarizardes com a forrm1 exterior do castelo, surge inesperadamen te o misteri0so habitante. Então, a grosseri a. a vio- . lincia, os sentimentos desconcertantes, a ris– . pidez, a perversiclade íntima. tudo o que vos pode maguar, ferir, fazer sofrer, tudo o que nunca vistes, se derrama sôbre vós. Que horror! Que decepção tremenda! E agora, onde o he– roísmo, onde a fôrça, onde a capacidade sim– ple:-.me11te humana para suportar essa incom– ,patibilídade? Desaba a felicidade sonhada. Nunca pen– sasté no habitante de tão formoso castelo . Ei-lo que se mostra, tal c0mo é ! Não é . assim que age o amor exclusiva– mente h11mano ! Nunca existe, nesses lampejos doidos de sensualidade que criam os namoros modernos, - nunca existe essa preocupaçã9 da alma . Es– taruos neste tri te século que Bergson chama de sés:tilo d~ matéria, neste triste século em que a matéria ~rerceu desmesuradamente e es– magou o· espírito. E a família sofre essa lou– cura ml'teria l. O amor que a fund?menta toma essa to– ualid~de exclu 1vamente g, osseira . E a matéria so enx erga n rnnrái,1. Sáo as cores, as linh..is, os tr~ços do ro-;to , os ')Upcrciiios, as luzes do olhar, ou a ameni dade dos sorrisos, que criam a família munda na. P ois só a alma é capaz de descobrir a alma , de entender a a lma , ~e per · ceber as suas qualidades, de medir a sua ca– pacidade. E qu an do a ma téria, que se viu, ceder lugar .às manifestações da alma , que não se viu e não se conheceu, eis a praceia que desaba! Os martirios ín timos que se anu nciam, as du ras incompatibi lid ades, as pesadas amarguras que martirizam . . . Ou a dissolução do la r, o des– moronamento da fa míl ia . E' essa a família que o amor exclusivamen te humano pode criar. Deus coloca nos olhos, diz o au tor de "Mariage 0 et Divorce" , a fon te das lág rim as, porque o castigo deve estar no luga r o nde surgi u a culpa . E S . Be rnardo , numa linda frase , põe em evidência essa lei : "os olhos choram porque viram demais!" As amarguras que pesam sôbre as famílias infelizes, sôbre os esposos que se não com preendem, que se es– traçalham na incompatibilidade, vêm justamente do fato de os olhos terem visto demais. Viram demais, embeberam-se na matéria formosa, ab– sorveram todo o poder de ver para prescrutar a aparência, concentraram tôda a energia da visão no exterior e não deixaram possibilidade de penetrar a alma! A surpresa da alma é profunda, é violenta e muitas vezes sacode o edifício da fam ília , quando não é fa tal, desmoronando o lindo sonho dt: felicidade tão querido e tão afagado . Mf'S que quereis? A superficialidade não pode oferecer a:iccrce profundo para constru– ção do edifício da própria felicida~e ! O amor que se funda sôbre a matéria, cansa-se, gasta– -se, desmorona-se como a matéria. E' n fatalidade de uma lei natural !

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