Quero - 1943

<1ue~o 12 J. F. e. B. Belém-Pará-Brasil •• • , •• , •• ,,,,,,.,,,11111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111,1111111111111 1111t 1 1111 111 1111 11111 111 1 1111111111111 fõr ca não é a mobilidade da matéria, mas a perpetuidade da alma. Ê o amor em que se imiscue, como uma luz da eternidade, a presença de Deus . Pois foi aos pés de Deus que Floresceu o primeiro amor que fundou a primeira fa1i1ílià. Deus, ao criar a primeira famí li a, quer agir silenciosamente como artista que não quer a perturbação de nenhum olhar es– tranho . "Não quer que nenhum pensa– mento alheio possa interv ir no a10 que vai dar pluralidade ao homem, sem des– truir a sua unidade ." · É com êste pensamento, diz Lacor– daire, que Deus se inclina sõbre o homem e o vai tocar; mas onde o toe.irá a mão divina? A fronte do homem, onde repousa com sua inteligênciaa a sede eminente da beleza, apresenta-se naturalmente à mão criadora, e parece atrair a bênção nova que há de descer sôbre nós. Deus não a tocou . Por mais bela que seja a intelige11cia, ela não é o termo de nossa perfeição; calma como a luz, in– sensivel como ela, não é no ponto que lhe correspond~ na arquitetura exterior do homem que Deus deve suscitar o mi– lagre da nossa pluralidade consubstancial. Êle conhece um lugar mtlhor. Aí pousa· a sua mão. O peito do homem, onde o coração marca por seu movimento a tor– rente da vida e a repercussão d,1s santas afeições . Deus escuta um momento êsse coração puro, que acabava de criar, e ar– ranca uma parte da couraça material que o cobre e forma a primeira mulher. "O Senhor, diz Sertillanges, que colocara o mundo sob os pés d() homem, mas nin– guem sôbre o seu coração, agora coloca a mulher. E o. primeiro homem, ao ver a sua companheira, exclama : "ei os osc:;ns dos meus ossos e a carne da minh1 carne!. .. " A união matrimonial é feita para que duas vidas se enriqueçam tanto mais quanto a sua aliança é destinada a tornar-se mais es– treita e suas relações dissemelhantes são chamadas a se completarem. A união ma– trimonial. assemelha-se à combinação que . faz de dols corpos da natureza uma súbs– tância, temperando · propriedades às veze opostas e gozando de propriedades novas. Ê a união total de pessoas unidas que se torna una no amo r. Tudo aí se mistura: pensamento , vontades, sentimentos, bens, objetos da vida, intimidades, ~ liberdades , direitos mútuos, emoções recíprocas, es– peranças, desejos tLmores, tristezas, devo– tamentos, virtude perseverante, Deus, en– fim, se cada um ·o faz viver em si~,, "O amor é o pão da vida !" · Não será por isso que o Sacramento da Eucaristia, sendo o sacramento do amo r, é tambem chamado o pão da vida? Ê a palavra de santo Agostinho: "t irou a mulher, não da cabeça do homem, para que ela não se lhe arvorasse em se– nhora; não dos pés, para que lhe não fosse escrava; mas do lado do coração, para que en tre ambos ex istisse a grande fôrça - o amor." Mas não nos esqueçamos de que Deus presidiu a êsse amor. O amor que fundou a primeirt1 família foi 11m amor sobrenaturalizado pela presença de Deus. Santo Agostinho escreve, na sua "Cidade de Deus" : "dois amores funda – ram duas cidades: o '.lmor de Deu - e o amor do mundo." Bem poderíamos dizer: dois amores criaram duas famílias: o amoi· cri tão ç o amor mundano. Um criou a familia cristã; outro, a família mundrna 1

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0