Quero - 1943

J. F. e. B. riuero , .......... ''' .. ' .............. ''.' ............ '' ... ' ...... ''' .. '''". "' .. , .. , ' •••••• , , •• ,,.,, •• -••••• ,.,1,J1111111111111111;111,1111111111;1111 13 Belém-Pará-Brasil it"'RONIN é talvez o ronrnncisfa eslrnngeiro ~ mais di,·ulgado e afualmenle mais amado no Brnsii de nossos did5. Ficcionista rim de irnagi– naçiio, criad0r de tipos que andam 110s seus livr~s como criaturas vivas, os trabalhos que vem publi– cando ultimamente têm um sentido que o distingue dentre todos os escritores e romancistas da moder– nidade. Pouco importa a variedade inesgotavel dos temas centrais de seus livros. Cl1amou-lhe, alguem ror isto, de "dilettante", estando ai precisamente uma das qualidades mais positivas deste médico e deste católico que escrevendo "Cidadela" ou "Noites de Vigília", "Sob a luz das Estrêlas" ou "A família 3rodie", "Três Amores" 011 "As Chaves do Reino"-a sua úl– tima produção,-em tôdas coloca a marca de t1ma a~te profundamente tocada por um humanismo Lia l greJ,I. Este "As Chaves do Reino" é um livro que não desmentindo confirma o maravilhoso romancista in 1 lês. Há nêle ~1ab acentuadamente a nota de espi– rit71alidade que o A. dei xou entrever em todos os três, sublinhando com maior destaque em "Três Amores" . O têma, desta va, versa 11cêr~a de um Missionário inglês que vive 11 vida tôda ao serviço de Deu5, na China misteriosa e de cristianização alisurdamente difícil. História singela e gra.ndiosa, cheia de lrat;os de vida que só o Cristianismo p ·Je despertar nos homens. lnternô no Seminário Inglês de San ,\\ornles, plan;!lrn d t· ara~onês da Espanha, Francis Chrisholm ( êsse o nome do futuro sacerdote), descendente de pescadores da Escossia, reg:cssa a s~a terra onde txcrce humilde parnqu1ato. Sente-se ali desaiustadü, que v meio parn onde nasceu e quer viver é o meio onde Deus ainda não é conhecido. , espírilo missio– nário é a sua irrcsistivel vocação. Na China, a terra dt: H11tla, é ali que Francis quer atuar. Cura fracas– ~aclo nas cidade, arrogantes, onde 11111guem escapa, nem mesmo os seus irmãos no sacerdócio, elas vai– dade~ do mundL, o seu temperamento, a sua destina– ção in1pelia-o ao Oriente. A quarta parte do livro é mesmo c·ncabc,arta pelo titulo sugestivo: ''Cristo na China". A liçfto do Cristo. de humildade absoluta, de caridade ilimitada, é a que prurnra revirer u sacer- O REINO dote-missionário. Tudo êle taz por amor de Deus. Enfre>Jtando doenças, a flora e os rios ínvios, a falta de ajuda financeira, bandoleiros que depreciam pro– priedades e violam lares, a ausência de encorajamento por parte de seu próprio Bispo, desconhecendo a lín– gua e os costumes das populaç?es que J;H?~urava ca– tequizar, foi em ambiente assim que 1n1c1ou a sua grande batalhá. Uma comissão melodista surge ao lado da sua, como sempre acontece em casos tais. l\1as não é pela hostilidade, pelo combate pessoal que Francis tenta esmagar os recadeiros de Lutero em terras orientais. E' pela compreensão, pela caridade plena. E curioso é notar como se tornaram seus amigos aqueles que, por princípio, deveriam pairar bem longe do missionário católico. Sob a influência de sua ba– tina gl or iosa e esfarrapada, passam a viver nativos e toclos quantos chegassem a conhecer o personagem de Cronin. Deixou realmente Cristo na China. O livro arrebata de ponta à ponta. Não é, como se possa pensar, um livro apologético. Não há uma tese preestabelecida. Não visa o autor chegar a uma concl usão antecipada, ao gôsto de seus sentimentos religiosos. As histór ias se desenrolam naturalmente, sem que fique nada artificial, torcido. Como obra de arte em nada fica devendo a "Cidad<ile" ou "As Noites ele Vigílias''. Como pensa~1ento, fica o lei\or com_ o espírito assoberbado, quas1 confundido: f:- 1mpres1ao qu(' se tem, tedrnda a derradeira piJg111a elas 341 que compt'íem o livro, é a de que o padre en trou na história como um mero pretexto, como ele111e11to da tescitura do rcmancc. A tes e, o probl ema entrev isto e e11caraclo por Cronin, é o problema da caridade, pois, como demonstrou o grande ficcionista in glês, dentro dêle cabe tudo. Duvido que, lendo-se "As Cliwcs do Reino·•, fique o leitor - qualquer que seja a sua filiação espiritual, fique desenca ntado. Croni!1, mais uma vez e sobretudo nes ta obra, conseguiu aproximar-se d;is inesgotavei s fontes que brotam da mensagem do Cristo aos homens e à vicia. De parabens está a José Olímpio que editou o romance em português. ( D,1 jorn/ll "A Cm.:")

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