Quero - 1943

<1uel'o 6 J. F. e. B. Belém-Pará-Brasil ........ ..... .. ............................ . . . ... . . . .. . . . . . .. . . ..... .... . ..... . . . . . . . . ..... .. . . . . ... . . . .. {11'11 1111 1 11 1 111111 111 1 1 1 1 11 1 11 111 11 1 1111 1 1 1 1 Que grande diferença, no entanto, distin– guia uma da outra! Altas, esbeltas, bonitas, vestidas de branco e tendo os cabelos solt os e comprid os. Que tanto as diferençava? E' que Rute tinha um todo que lin da – mente seduzia, ao passo que o todo de Ana lindamente encantava . Pela viagem afora, prosseguiram conve r– sando, sempre animadamente . Recordaram o te•npo do colégio. falaram do que haviam feito quando terminaram o curso, compar_aram seus ant igos gôstos com os atuais, fizeram comentários sôbre a guerra, o cinema e a moda. Dês te último assunto, ambas entendiam claramente. Rute, com entusiasmo, demons– trava conhecimento sobretudo no que se refe– ria à oportunidade de cada "toilette" e na pe– rícia do "make- up'', estudo que fazia constan– temente nas revistas de cinema, pois tôda a sua ciência se baseava em Hollywood. Ana, ignorante da coleção de nomes técnicos q11e Rute lhe dizia, deixava transparecer tino apu– rado nos figurino s, os quais submetia, sem– pre, à sua própria personalidade. Assim, falando de uma coisa e outra , vi– ram que estavam, afinal perto do Mosqueiro. Foi, somente. quando s~ lembra ram de per– guntar a que ponto da Vila iria cada uma . Respondendo quasi ao mesmo temp(l, ti– veram um ímpeto de surpresa pela coincidên– cia: pois não era que iam para o mesmo to– gar?! Outra ex-colega. que se mantivera amiga de cad~ uma delas, e fazia anos naque le di a, as convidara para passarem o domingo em s ua companhia . Estariam, portanto bom tempo juntas e poderiam divertir-se a vaier nas areias do farol. Chegadas à praia , entusiasmaram-se com o aspecto radiante, que oferecia a manhã de verão . b . Trataram logo de pôr-se à vontade, para nncar melhor até a hora do banho. Rute envergou "maillot" ultra-muderno de bo_rracha mo:;tarda. Pc,r cima, vestiu uma calça Justa de case1nira. Com as costa s inteira– mente nuas e os braços livres estava dis posta fª;ª os. maiores folguedos . .. ' As perna s, cei- a a s , tnam sofrer milito cal or mas paci ên cia era moda ... ' ' Logo após, apresentou-se Ana . Interes– sante vestido praiano, flor ido e aleg re, cobria– -lhe o "maill ot". Prontas para a praia! Rei.tnindo-se a outras moças, passearam, correram, pularam .. . Chegou, por fim, a hora do banho. Rute, a11cií:>sa por se atirar nagua, vo l– teava pe lo areia! extenso, enquan to reg ressa– vam as companheiras que haviam ido buscar frutas para chupar qu ando estivessem no banho. Ela não as quisera acompanhar. Era mais agradavel esperá-las na praia, pois seria uma ocasião de exibir o seu "mai ll ot" que lhe cus– tara tão caro e qu e a tornava tão "alinhada". A borracha cõr de mostarda, lustrosa como setim, envolvia-lhe o corpo esguio con– fundindo-se com sua pele rnoreno-jambo. Sem retardamento, chegaram as outras jovens, num tagarelar animado. Ana, ao pisar na praia, estremeceu envergonhada. Como era possível que Rute, a sua boa co leguin ha de dantes, tivesse descid o tanto?! Como tinha coragem de se expôr à vista de tõda gente com uma roupa que a des pia? Para evitar maior dem,)ra, chamou Rute e, fingindo estar alegre, correu com ela até perto do mar. Apesar da rápida destreLa de Ana, mui– tos observaram o mold e elegante mas discreto de seu .''mail lot" . Seguia linhas modernas; a pe– quena sa ia ondulava graciosamente numa linha ampla, e a blusa de "elastex" terminava por um decote quadrado que, livrando- lhe as cos– tas dos a rdores do sol, defendia, ao mesmo passo, a delicadeza de suas convicções . Que enorme contraste entre aquelas duas flores paraenses q 11 e eram beijadas pelas águas do Mosqueiro! . Que imens a d ivergênc ia entre as pétalas que as ornavam! E' q11e Ana observava perfeitamente a moda, sem nunca se deixar dominar pela moda . Enquanto que Ruth , era escra\'a da moda .. . E' que Ana u ' ava, somente, aquilo que se aliava ao se u co ração puro de cristã. E Rute ... a Rute só interessava sua vaidade própria e o que mais a fazi a br ilhar .. . Seu coração não a sabia orientar. Era imprudente, porque era vasio de Deus .

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