Quero - 1943

10 J. F. C. B. Belém-Pará-Brasil ,................................ ,.111••·····••r••·····•11 •111111,,, •••• ,,,,, ............... , t, 11,1111trl'11111'11111ll'l'lll 'lll'l111 ·•···········•11,1••····· .. ······••lf ••············ ~o limiar-do casamento ( Continuação da página 7) Não vos esqueçais da cena que Sha– kespere, o soberbo trágico e fino cômico, c0- locou no seu "Dois Gentishomens de Verona": "Primeiro lacaio: Ela tem mais cabelo que cérebro .. . Segundo lacaio: Mais cabelo que cére– bro . .. isso se vê... E depois? Primeiro lacaio: Mais de feitos que cabelo. Segundo lacaio: Iss o é monstruoso! Antes nã o fosse assim! Primeiro lacaio : E mais dinheiro que defeitos! Segundo lacaio: Oh! esta palavra torna os defeitos encantadores! Vamos ! Eu a aceito por espôsa ! '' E é por isso que muitos pais entregam sua filha a quem não teriam coragem de dar emprestado parcela e.la sua riqueza. E o des– tino de uma j ovem vale mais do que um mundo de fortunas! É, pois, esse período prêmatrimonial a época em que l1aveis de envidar todos os es– ·torços para constroir a felicidad e da vossa união. E' _mistér dissipar tôdas as névoas que podem interceptar a penetração das vossas vistas de moço . E seria de grande utilidade que vós vo~ convencesseis de algumas regras qu~- norteariam o vosso namôro para uma ~niao santa e feliz. Não façais como muitos J~vens, cuja única preocupaç:io é a de se ilu– direm a si mesmos . Procuram cobrir tudo com a penumbra do disfarce e da t 1 , . _ d o eranc1a para nau 1 --r er a o • • e portunidade do casamento . En- tretanto, isso st t f · ranc; orma em um mal terrí- vel e de amargas e . , . D onsequenc1as para o futuro eve haver nc1 vosso nam' . · _ . oro a 111a10r preo- cupaçao de sinceridade e de franqueza . E' me- lhor fazerdes sentir tudo u que magoa hoje a v0ssa alma, para que amanhã não tenhais que suportar dores inalienaveis . As normas que, norteando o vosso namôro, vos podem garan– tir um matrimônio feliz , reduzem-se às se– guintes: Não penseis nunca que o matrimônio destrói a natureza do homem ou que ele ani– quila todos os vícios e tendências más. O jovem virá para os vossos braços de espôsa tal qual êle tem sido no mundo. Se é uma natureza corrompida pelas inebriedades do al– cool , dominada pelas loucas seduções de uma vida sensual e imoral, acicateada pel os cál– culos dos panos verdes do azar, não penseis que apenas uma palavra de amor possa ope– rar uma transubstanciação . Ele virá tal qual foi e, dias mais, dias menos , precipitar-se-á dos vossos braços amorosos para as ondas do seu tôrvo destino. Principalmente hoje, que podeis contar a dedo os jovens cuja mocidade não se desenvolve nos ambientes malsãos dos "bares'' , das atmosferas vaporosas da volup– tuosidade, das leituras de livros perversos e revistas ardentes do in cend io da licen ci os i– dade, de gin ás ios onde há no professor a preo– cupação ostens iva da ciência, mas nem sequer a menor intenção de infundir no coração do jovem urna idéa de responsabilidade mora l. Não espereis transformações misteriosas! Olhai de frente a realidade! Não vos ilu– dais procurando cobrir con_1 fl ores os espinhos que amanhã serão dolorosos e pungentes! A falta de respeito no namôro prepara horríveis dissabores . Aqui desejo que vos fale, em meu lugar, o espírito brilhante de Lamaire: " Para ser sincero, profundo, duravel, per– manente, o verdadeiro amor tem necessidade do respeito: o espôso deve ter por sua espôsa , e esta por seu marido, uma estima inaltera ve l, aureolada de uma sorte de poesia transpor– tando o cônjuge para uma atmosfera de id ea l e de beleza celestiais. Sem dúvida, ao contacto

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