Quero - 1942

.. 2 J. F. C. B. Belém - PMJ - Brdsil 11 11••······················•"'1111111,111111111111111111111 111 1111111111111111111,111111 1 111111111, ••••••••••••••••••••••••••••• ,, •••••••••••••••••• 11 éê sofrimento é a grande escola da Huma– nidade. Ninguem jamais lhe sentiu o aguilhão sem aprender alguma coisa . Ninguem foi muito grande se não sofreu muito. O poeta brasileiro chegou mesmo a dizer que "foi espetro de homem, não foi ho– mem, quem passou pela vida e não sofreu." O sofrimento é uma das armas podero– sas de Deus na luta, que se deve ferir, entre o mundo e o homem que Êle quer para Si. E' o crisol divino que purifica as almas. E' o fogo sagrado de um novo batismo de redenção . Dois grandes e consoladores exemplos (entre tantos) da dor redimidora , são os do escritor francês que escreveu o la bonne sou– /rance e do escritor brasileiro que a abençoou agradecido. François Ccppée, na França , após uma vida inteiramente mundana, a que o ideal cri tão era quasi completamente alheio, ouv iu, certo dia, bater-lhe à porta um ser que até então pouco conhecera: a dor. Recebeu-a o es– critor, por ventura agastado. Porém, vinha ela como mensageira do Ceu. E dia e dias não pas– saram, eis Coppée voltando humilde aos bra– ços doridos do Cristo, abençoando a sua dor. Paulo Setubal, no Brasil, em meio da vida, de uma vida laureada e brilhante de es– critor de escol, recebeu também um dia a vi– sita dêsse místico ente, que o levou à estr:: .i.da de Damasco, onde - outro Paulo - havia ·de encontrar o Cristo. Leiamos êsse encontro, como o descre– veu, com tocante e peregrina beleza, o próprio Setubal. " Faz um . ano, amigo , que me encont rei realmente com o Cristo. Minha vida, quando eu o encontrei, havia sido golpeada pe lo des– tino com selvagem fe(ocidade. Eu era um imenso sofredor. Um vencido. Trazia os olhos embaciados de lágrima s grossas. Hora dura fqi aquela hora da minha vida. Naquela hora dura, contudo, o Cristo apareceu de impro– viso no meu caminho. Parecia um homem como os out ros homens . Nada de extraordi– nário. Mostrava a penas o aspeto ca nçado de quem caminhara muito. Ves tia-se com pobrêsa, tinha o ar doce, as mãos eram calosas, as vestes vinham empoeiradas do comprido jor– nadeio. Êle pôs em mim os seus olhos. Dois olhos grandes e complacentes. E quando os seus olhos, grandes e complacentes, pousaram nos meus olhos , que iam embaciados de lá– grimas grossas, Êle parou de súbito em meio do caminho. Parou e disse: "Bemaventurados os que choram, porque êles serão consolados." Bemaventurados os que choram . .. Aproximei– -me mais do viajeiro. Eu estava nesse ins– tante muito sucumbido. Eu estava extenuado e desbaratado pelo sofrirr.ento. Êle reparou no meu sucumbimento e no meu desbarato. E disse: "Vós que andais afadigados, vós que gemeis sob ,o pêso dum fardo pesado, vinde todos a mim. Eu vos aliviarei." Acerquei-me. Êle continuou : "Tomai o meu jugo sôbre vós; aprendei de mim que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para vossas almas . Porque o meu jugo é suave e o meu pêso é leve." . Ouvindo-O, eu, na minha angús– tia, toquei-Lhe com as mãos trémulas a ou– rela do vestido. E perguntei-Lhe ancioso : Quem sois vós? Êle me . disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida." Que acento o acento daquela voz! Nunca homem nenhum falou como aquele homem. Cheguei-me total – mente a Êle. Sentámo-nos um ao lad•) cio outro. Conversámos. Eu vi, sem detença, que me ha– via encontrado com o amigo de que carecia. Com o amfgo que é hoje o meu melhor amigo. O amigo supremo. O único amigo certo da hora incerta. Depoi s que O conheci, depois que O fitei de perto, depois que Lhe falei con– fiadamente, tudo, absolutamente tudo , mudou na minha existência como por encanto. Êle, quando me se ntiu assim mudado, homem novo , quis en trar na minha morada . Eu Lhe disse: "Se– nhor, a minha morada está arruinada e velha. Eu não sou digno de que entreis na minha morada." Mas Êle não me ouviu. Veio. Entrou." Veio e transformou tudo. Entrou e eis Setubal feliz no seu infortúnio, abraçado à Cruz do di vi no Redentor e à sua própria cruz. Abençoada dor que promove tanto! Afonso Lima NÃO é trabalho de um dia, nem brinquedo de crian~a, renunciar-se completamente ; mas quem deixa tudo, encontra tudo; quem renuncia a tôda concupiscência, encontra o verdadeiro repouso. lmlt aç!!o IIJ,32 /.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0