Quero - 1942
,... .,,,~~ ..... ._,-_.._,. ............... ...,....,.._....,,,.....,,.. .............................. ............_, .. que a to·rna exaltada e febril, o abuso da li– te ratura de ficção, dos espetáculos sensuali– zantes, da vida dispersiva, futil, vazia de res– ponsabilidades. Sim, tôdas as jovens, em geral, sonham com o amor e o esperam. Quantas, porém, estão dispostas a pagar-lhe o preço? Quantas, desde cedo, t ratam de se pôr à altura das suas exigências , persuadidas de que um espírito sem elevação, um coração sem generosidade e uma vontade sem di sciplina traem o amor e o sa– crificam? "Não é o amor que engana o ho– mem; ' é a fraqueza do homem que engana o amor." Os que desconhecem o amo r restringem– - no ao encanto dos sentidos. E como os sen– tidos do homem depressa conhecem a sacie– dade, 1 imitam a duração do amor e das suas venturas a p~uco mais que a clássica 4 ' lua de mel " . No entanto, o amor conhece outra beatitude, muito mais pro funda e sutil– mente embriagadora: a comunhão dos cora– ções. Esta , sim, é a sua glória duradoura, • a compensação de todos os seus sacrifícios, a transfiguração de tôdas as suas monotonias, a fonte d1 nobreza e de perseverança dos pró– prios enlev0s físicos . A união dos corações, n~o a corrompe O tempo, se não a torna cada vez mais natural e mais completa. "Voilà quinze ans déjà que naus pensons d'accord " , diz o poeta à companheira em estrofes que são o hino de triunfo das incansaveis fidelidades. Não, o homem não conhece na terra so– lidariedade mais íntima nem mais perfeita com- J. F. C. B . Belém- Pará- Brasil penetração. Porque o amor, segundo o pensa– mento divino, deve ser uma perfeita transfu– são de vidas. Dois seres arrancados à solidão das suas naturezas incompletas e chamados a realizar, pelo milagre da ternura compartilhada, uma unidade moral, tão simples quanto fe– cunda, tão suave quanto poderosa! Superior como é às nossas mesquinhas divisões humanas, a comunhão moral no ca– samento não representa uma quimera. E' a própria essência da vocação conjugal. Pa-ra nós, cristã os, ela tem a sua graça, quotidia– namente ren ovada pela virtude do sacramento. A todos, é certo, não é ,dado conhece-la na sua plenitude; mas, ainda imperfeita, ela cria entre os dois corações, que a vida e as responsabilidades 1ssumidas em comum en– trelaçam cada vez mais fortemente, uma coe– são que desconhecem em ge ral as outras ami– zades da terra. Não o esqueçamos, porém; si O termo do amo r é a união das duas personalidad es humanas , fonte de venturosa exaltação, a sua lei é o sacrifício. Na medida em qu e um grande idea i nos eleva acima de nós mesmos, cresce em nós a capacidade de amar. E é por igno– ra-lo que tão poucos conseguem atingir a terra prometida das afeições indestrutíveis. Conta-nos Foerster a história de um ho– mem que levava com a mulher uma " vida in– coerente". En tre eles, nunca um pensamento. Viviam dia a dia num cómodo "l aisser-aller". ( Conclui na pág. JO )
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